Cientistas debatem caminhos para a redução da desigualdade mundial
A extrema desigualdade no planeta, especialmente entre países dos hemisférios Norte e Sul, pontuou discussões do Fórum Mundial de Ciência, nesta segunda-feira (25), no Rio de Janeiro, em painel sobre a política científica e a governança, em que cientistas brasileiros e estrangeiros buscaram imaginar um futuro mais justo para toda a humanidade.
Membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o físico Luiz Davidovich ressaltou as disparidades existentes entre regiões mais desenvolvidas, como os Estados Unidos e o Canadá, e nações de continentes mais pobres, como a África.
“Se olharmos o consumo de água por país no mundo, vamos ver exatamente que aqueles que têm mais luz à noite são os que consomem também mais água e mais alimentos, injetando mais poluição na nossa atmosfera, através do dióxido de carbono”, ressaltou.
O que os especialistas buscam, segundo ele, é a construção de um novo modelo para reduzir as desigualdades. Davidovich cita como exemplo o movimento liderado pela comunidade científica mundial, por meio de academias nacionais, sociedades científicas e instituições internacionais, como Conselho Internacional para a Ciência (ICSU), para acumular conhecimento relevante, que ajude a amenizar problemas sociais.
Ele menciona estudos realizados pela Organização das Nações Unidas (ONU), com participação de cientistas de vários países, sobre questões relacionadas às mudanças climáticas e aos desastres naturais.
POLÍTICA x CIÊNCIA
O painel também destacou a falta de conexão entre discussões científicas e ações governamentais. “Esse é um tema importante e difícil, porque frequentemente as questões levantadas pelos cientistas acabam não tendo repercussão em políticas públicas eficazes”, avaliou.
Os participantes do painel também abordaram a desigualdade entre os países na área educacional. “A situação do ensino, especialmente do básico, mas também do superior, em países em desenvolvimento é muito mais precária do que em países desenvolvidos”, afirmou Davidovich.
Segundo ele, o que se discute no mundo é a reformulação da educação, em que as tecnologias da informação (TIs) e a internet, por exemplo, estejam disponíveis também para comunidades mais pobres. “Mesmo em países com certo sucesso em seu desenvolvimento, como o Brasil, essas tecnologias devem penetrar também nas regiões mais longínquas”.
O membro da ABC espera que a educação básica e infantil tenha mais atenção em comunidades carentes. “O investimento começa na pré-escola, não apenas nos futuros cientistas, mas nos futuros cidadãos, conscientes e educados. São eles que podem construir uma democracia com pessoas que tenham condições de acompanhar as discussões científicas importantes para a sociedade”.
Para o cientista, uma política pública eficaz deve conceber o ensino básico e o atendimento pré-escolar para comunidades carentes como uma “grande prioridade nacional”, especialmente nos países em desenvolvimento.
Na avaliação do pesquisador, debates como os realizados no FMC 2013 ajudam a definir as linhas mestras de ação no campo de ciência, tecnologia e política. “O que temos que fazer, saindo daqui, é levar essas ideias e continuar na luta em nossos países, para que essas coisas sejam feitas, mas por meio de uma aliança global, por meio dessas grandes instituições e estruturas que foram construídas nos últimos anos e congregam a comunidade científica de todo mundo”.
Fonte: MCTI