Comissão rejeita vincular milho transgênico a câncer

Uma comissão científica francesa rejeitou nesta segunda-feira (22) um polêmico estudo coordenado por pesquisadores do país segundo o qual ratos alimentados com milho transgênico sofrem câncer e morrem antes, e pediu um estudo “independente”.

O Alto Conselho de Biotecnologia (ACB) afirmou que não encontrou uma relação de causa entre os tumores dos ratos e o consumo do milho transgênico, como assegurava o estudo publicado em setembro por cientistas da Universidade de Caen.

Os métodos utilizados no estudo, que concluiu que os ratos alimentados com milho transgênico sofrem tumores cancerígenos e morrem antes, são “inadequados”, destacou o ACB, que examinou a pesquisa a pedido do governo francês.

POLÊMICA

O estudo publicado em setembro pela da equipe do professor de biologia molecular Gilles-Eric Seralini, da Universidade de Caen, reativou a polêmica sobre os riscos para a saúde dos organismos geneticamente modificados.

A equipe analisou durante dois anos os efeitos em 200 ratos do milho transgênico NK603 e do herbicida Roundup, o mais utilizado no mundo – dois produtos da empresa Monsanto -, e suas conclusões provocaram uma tempestade entre o governo, cientistas e defensores do meio ambiente.

O ACB recomendou um “estudo a longo prazo, independente e transparente” sob a autoridade do poder público a respeito da segurança para a saúde do milho transgênico NK603.

“Para responder às perguntas da sociedade sobre a toxicidade ou inocuidade do milho transgênico, o estudo deve levar em consideração visões contraditórias”, ressaltou o comitê econômico, ético e social do ACB.

As conclusões do estudo da Universidade de Caen de que nos ratos alimentados com transgênicos aparecem tumores até 600 dias antes que nos ratos ´indicador´ (não alimentados com transgênicos), enquanto no caso das fêmeas aparecem na média 94 dias antes, advertiam sobre os riscos para os seres humanos dos alimentos geneticamente modificados.

Após a decisão do ACB, Seralini declarou que o milho transgênico produzido pela Monsanto deve ser proibido, à espera de uma nova pesquisa.

O professor da Universidade de Caen considerou que a recomendação nesta segunda-feira do ACB de realizar um “estudo independente” constitui um “progresso”, mas opinou que, enquanto isso, este milho produzido pela gigante americana da agroquímica deve ser “proibido”.

Após a publicação do estudo, o governo da França pediu um procedimento rápido, de algumas semanas, para verificar a validade científica do mesmo.

O governo destacou que se fosse confirmado que os transgênicos agrícolas são perigosos para a saúde, solicitaria a proibição a nível europeu.

A França apresentou o tema à Agência de Segurança de Saúde. A Comissão Europeia pediu a sua agência responsável pela segurança dos alimentos que examinasse os resultados do estudo para “tirar conclusões”.

O estudo dos cientistas franceses provocou muitos pedidos de suspensão da autorização do cultivo destes produtos.

Ao anunciar nesta segunda-feira os resultados que invalidam o estudo dos cientistas da Universidade de Caen, o ACB ressaltou que a nova pesquisa independente deve oferecer respostas às dúvidas da sociedade sobre os transgênicos.

“A meta do novo estudo é tranquilizar a opinião pública, que não sabe mais em que acreditar”, disse Christine Noiville, presidente do comitê econômico, ético e social do Conselho.

O Alto Conselho de Biotecnologia (ACB) afirmou que não encontrou uma relação de causa entre os tumores dos ratos e o consumo do milho transgênico, como assegurava o estudo publicado em setembro por cientistas da Universidade de Caen.

Fonte: AFP