Conectividade derruba fronteiras

Trabalhar sem fronteiras é outra lição para quem busca novas oportunidades de negócios. Foto: Reprodução

Uma tendência forte e irreversível. É assim que Ailton Nascimento, vice-presidente da Stefanini, uma das mais importantes provedoras globais de soluções de negócios, enxerga a democratização da tecnologia, seja no dia a dia das pessoas, seja no campo educacional. “Até 2030 teremos concluído a inclusão digital nas escolas, alterando os métodos de ensino em todas as camadas sociais”, afirma. “Até lá, as pessoas estarão cada vez mais conectadas e os dispositivos móveis serão o atalho para a conectividade”. A tecnologia, segundo ele, será ainda um dos agentes principais para a criação dos smart districts, bairros que se modernizarão por ganhos de eficiência e conectividade.

Para acelerar o processo e antecipar tendências a Stefanini está intensificando a atuação dos seus centros de pesquisa e inovação instalados no Brasil e expandindo as unidades de P&D no México e Estados Unidos, além de iniciar estudos em Cingapura, em parceria com universidades locais.

Trabalhar sem fronteiras é outra lição para quem busca novas oportunidades de negócios. “As economias hoje são globais e as informações interligadas, portanto produtos e serviços devem ser pensados para o mundo, mesmo que sejam para nichos”, assegura Eric Waidergorn, diretor de consultoria internacional da UHY. A Re-Max, rede de franquias na área imobiliária, presente em 97 países, inclusive no Brasil, sabe a importância de deitar por terra os limites geográficos.

Em 2010 implantou no País uma plataforma de negócios, com tradução automática para 40 idiomas, onde apresenta suas ofertas de imóveis em todas as praças onde atua. “Hoje, podemos negociar com clientes de 97 países, tendo informações on-line de produtos à venda na Europa, por exemplo, mas que interessam a brasileiros”, afirma Peixoto Accyoli, responsável pela área de gestão da Re-Max. “Praticamente 100% das transações passam pela plataforma”. No Brasil, a rede conta com 240 unidades que juntas fizeram negócios da ordem de R$ 3 bilhões em 2013.

Somando tecnologias como serviço em nuvem e big data, a cearense Selettiva, incubada no Porto Digital, desenvolveu uma plataforma para coletar informações sobre resíduos de eletroeletrônicos e disponibilizá-las para a cadeia de logística reversa. “A ideia é apontar onde estão os resíduos, que tipo de produtos foram descartados e de que forma podem ser remanejados para o elemento da cadeia que mais se interessar”, afirma o sócio Sérgio Moreira. “Hoje, nem sempre as empresas responsáveis pela coleta fazem o descarte correto ou, na outra ponta, quem usa o resíduo tem de esperar a boa vontade do consumidor em descartá-lo no ponto de coleta”. O projeto, que exigiu investimento de R$ 30 mil, deve em cinco anos gerar um faturamento de R$ 7 milhões.

Para Paulo Marcelo, vice-presidente de Financial Service da Capgemini, a tecnologia é o caminho para facilitar a vida dos cidadãos sobretudo nos grandes centros urbanos onde os problemas e as necessidades se multiplicam, gerando centenas de oportunidades de negócios. “É preciso usar as soluções móveis de forma inteligente, oferecendo informações em tempo real, encurtando distâncias, economizando deslocamentos, melhorando o uso de recursos.”

Com o mesmo pensamento, o engenheiro Henrique Ferreira Nunes gastou um bom tempo analisando como poderia criar um serviço que facilitasse o acesso e o estacionamento das pessoas que trabalham no Porto Digital, uma área histórica revitalizada de ruas estreitas e poucos estacionamentos. “Os investimentos em transporte público em todo o país são de longo prazo e as necessidades das pessoas imediatas”, afirma. Nunes criou a Carona Sustentável, para promover o uso racional do carro.

O benefício, em forma de Vale Carona, é uma moeda que remunera quem dá carona com um voucher de R$ 4. O projeto piloto foi implantado em uma das empresas do Porto Digital e em seis meses chegou a 5 mil caronas. “Cobramos uma taxa de administração de 1% sobre os vales utilizados. A empresa lucra por investir em um modelo politicamente correto e, ainda, ganha em produtividade, já que os funcionários chegam menos estressados e atrasados”, diz Nunes.

Fonte: Valor