Conferência de abertura da SBPC vislumbra o futuro da CT&I no Brasil

23/07/2012 – São Luís (MA) Um panorama geral sobre os desafios para o desenvolvimento científico do Brasil para o próximos anos e o papel do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI) neste processo. Este foi o mote da 1a Conferência da 64a Reunião da SBPC, nesta segunda-feira (23), proferida pelo ministro da Ciência Tecnologia e Inovação, Marco Antônio Raupp, e apresentada pela presidente da SBPC, Helena Nader.

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Com o tema “Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia & Inovação: desafios e oportunidade”, Raupp iniciou destacando os marcos do novo cenário da área no País por meio do eixo do desenvolvimento sustentado, que vem se destacando desde o Brasil pós-guerra, a industrialização e o desenvolvimento da agropecuária.

O ministro enfatizou as demandas atuais no cenário de CT&I como o ingresso na economia, de forma a se fazer presente contribuir para o desenvolvimento da economia nacional, os desafios para ampliar a base cientifica, o fortalecimento do sistema de CT&I nacional a partir de articulações políticas para elevar o nível de qualidade da educação em todos os níveis.

“Nesse sentido, o governo federal tem acenado com várias medidas práticas para atender às diversas demandas. Uma delas foi a definição da Política da Ciência e Tecnologia e Inovação (Pacti), no período de 2007 a 2010, o Plano Brasil Maior, desenvolvido a partir de agosto de 2011 e mais recentemente a Estratégia Nacional de CT&I (Encti) em desenvolvimento desde 2011", frisou.

Novos objetivos

Raupp destacou ainda o que vem sendo feito e os resultados imediatos das ações para promover a CT&I como um eixo estruturante para o desenvolvimento do Brasil. Entre eles, a otimização dos recursos orçamentários, a manutenção, aprimoramento e criação de programas mobilizadores, e a preocupação em proporcionar consistência às políticas de CT&I no âmbito do governo federal.

Medidas recentes

Como resultados práticos já alcançados, o ministro ressaltou a renovação dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) que apresentaram bons resultados e foram ampliados de três para cinco anos de atuação. Além disso, ele também citou as ações para garantir a tecnologia assistiva e a criação de programas como o Ciências sem Fronteiras.

“É importantíssimo ressaltar o reajuste dos valores das bolsas da Capes, anunciado recentemente, o lançamento dos editais do CNPq que juntos somam mais de R$ 250 milhões, as ações de subvenção econômica que chegam a R$ 1,2 bilhão em três anos e os novos créditos da Finep que atualmente somam R$ 2 bilhões”, pontuou.

Estratégia nacional de CT&I

A garantia da evolução científica nacional foi apresentada a partir de um mapa estratégico do programas a serem desenvolvidos para o enfretamento dos novos desafios. “Nós vamos trabalhar no fortalecimento da base de sustentação da política de CT&I para o aperfeiçoamento dos instrumentos que permitam isso como a ampliação da titulação de mestres e doutores no País e a consolidação da ciberinfraestrutura da Rede Nacional de Pesquisas (RNP) até 2014, atingindo o maior número de municípios com velocidade entre 100Mbps e 1Gbps”, exemplificou Raupp, destacando a alta capacidade transfronteira das redes de pesquisas, cujo desafio será atender as áreas não cobertas como a Amazônia.

Ao final da conferência, Raupp acenou com um futuro promissor no campo da comunicação por meio da tecnologia e a disposição do MCTI para se chegar a uma conclusão quanto as definições do marco legal em discussão em Brasília. Ele encerrou a conferência conclamando à todos a pensar as condições para implementações das propostas levantadas durante a reunião afirmando que “só com um bom desempenho e bons resultados é que a sociedade acreditará em CT&I e, principalmente os benefícios que isso pode trazer a ela”, finalizou.

Visão da realidade

A diretora-presidenta da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Maria Olivia Simão, disse que ficou bastante satisfeita com o que foi pontuado pelo ministro, mas destacou que apesar da ações apresentadas existem outros temas importantes que interessam a Amazônia, pois a região precisa ser considerada de forma integral, principalmente quando o MCTI reconhece que a ciência, a tecnologia e a inovação são protagonistas do desenvolvimento sustentável.

“Nós temos muito a pensar e a contribuir para promover essa questão do desenvolvimento sustentável. Nesse contexto, sentimos falta de ações mais contundentes. Nós vamos continuar cobrando essa postura mesmo reconhecendo que temos participação nos inúmeros programas apresentados que nos tocam como prioridade", afirmou.

Maria Olivia Simão lembrou ainda que o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) é um espaço que precisa ser reivindicado como um espaço de promoção do desenvolvimento sustentável.

Para o titular da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia (Secti/AM), Odenildo Sena, há um certo esforço por parte do governo federal via MCTI, mas há também um esforço muito grande por parte do governo do estado em avançar nestas questões das comunicações na região norte.

“Confesso que sou meio cético em relação a promessas, principalmente quando se trata de qualquer coisa para a Amazônia. Eu prefiro aguardar para ver o fato concretizado", afirmou Sena.

No entanto, o secretário disse que ficou animado ao ouvir do ministro que dedicará dois momentos na sua agenda para visitar o Amazonas no segundo semestre e também sobre os parques tecnológicos. "Mas neste sentido nós também já estamos nos antecipando, porque a Secti está capitaneando junto com a Fapeam uma discussão para a implantação, na região, de um parque tecnológico na área de pesca. Ainda sobre a fala do ministro, apesar do que foi apresentado e sobre o que de fato vem sendo feito na região, eu entendo que não se tem um grande projeto revolucionário e ousado para a Amazônia”, finalizou.

Fonte: Agência Fapeam, por Ulysses Varela