Construção civil sustentável
24/01/2012 – Reaproveitar, reutilizar e reciclar. Com esta ideia em mente, o pesquisador Jadir Rocha, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), desenvolveu, juntamente com sua equipe, o projeto ‘Aproveitamento de fibras vegetais para a construção sustentável’. A proposta dos perquisadores é produzir chapas de fibra vegetal a partir do aproveitamento das fibras obtidas de três espécies do gênero Ananás, para utilização em forros, divisórias e paredes. O projeto conquistou o terceiro lugar na Categoria Social do Prêmio Samuel Benchimol, edição 2011.
Segundo Jadir, a fibra do Curauá, uma das três espécies pesquisadas, pode substituir a fibra de vidro, pois apresenta resistência mecânica similar e ainda é biodegradável. Outra vantagem é seu custo, cerca de dez vezes mais barata que a fibra de vidro, além de ser menos abrasiva aos equipamentos de processamento. “O Curauá já vem sendo utilizado na produção de artefatos para a indústria automobilística (para-choques e para-sol de carros)”, explicou.
Ele explica que a proposta de pesquisar alternativas aos materiais utilizados comumente na construção civil, surgiu com a constatação de que ela contribui consideravelmente para as mudanças climáticas. O elevado volume de matérias que o setor utiliza e a interferência de suas atividades impactando o meio ambiente foram alguns dos fatores destacados.
Jadir lembra ainda que, segundo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), divulgado ano passado (2011), o setor da construção civil responde por mais de um terço do consumo de recursos do planeta, o que inclui 12% do consumo mundial de água doce, além de gerar 40% de todos os resíduos sólidos do planeta.
“Esses dados são fundamentais para que os agentes tomadores de decisão criem oportunidades e instrumentos que minimizem os impactos ambientais gerados pela construção civil”, avaliou, ressaltando a importância do investimento em pesquisas e tecnologias inovadoras.
O pesquisador ressaltou que várias pesquisas nesse segmento já estão sendo desenvolvidas, muitas com possibilidades reais de se tornarem produtos economicamente viáveis. “Já desenvolvemos várias tecnologias visando a geração de novos processos e produtos a partir do aproveitamento de matérias-primas vegetais não madeireiras, para utilização na construção habitacional, em substituição à madeira sólida e seus derivados (compensado, aglomerado, MDF e OSB) e à alvenaria”.
O projeto ‘Aproveitamento de fibras vegetais para a construção sustentável’ coordenado por Jadir, contou com a colaboração das pesquisadoras Cynthia Lins Falcone Pontes, Kátia Bastos Loureiro Ramos, Tereza Maria Farias Bessa e Vânia Maria Oliveira da Câmara. “Estou prestes a me aposentar, preciso formar sucessores, uma nova equipe de pesquisadores para dar continuidade ao trabalho”, finalizou o professor.
Galeria
Não foi a primeira vez que a equipe do pesquisador conquistou o Prêmio Samuel Benchimol, já que em 2008 foram contemplados com o segundo lugar na Categoria Econômico/Tecnológica. Naquela ocasião o tema foi "Tijolo Vegetal".
Antes disso, em 2002, conquistaram o primeiro lugar do Prêmio FUCAPI/CNPq de Tecnologia com o trabalho "Aproveitamento do pecíolo do buriti para utilização na construção civil (forros e divisórias)". Retrocedendo ainda mais no tempo, em 2001, concorreram com o trabalho "Aproveitamento de galhos para confecção de móveis rústicos", conquistando o terceiro lugar. Já em 2000 alcançaram o primeiro lugar com o projeto "Aproveitamento do estipe da pupunha para confecção de móveis".
CIÊNCIA EM PAUTA/SECTAM, por Sílvia Leila Alves