Da importância da Ciência ao decréscimo do financiamento
O Prémio Pessoa de 2010 foi atribuído a Maria do Carmo Fonseca, investigadora e directora do Instituto de Medicina Molecular e Prof. Catedrática da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. A atribuição deste prémio a uma investigadora é de realçar pois mostra a importância que a ciência vem assumindo na sociedade portuguesa e a elevada qualidade dos nossos investigadores.
A Prof. Carmo Fonseca dirige um dos melhores institutos de investigação nacionais que consegue competir internacionalmente e atrair investigadores estrangeiros e portugueses de universidades de topo, que são reconhecidos nas suas áreas. E este modelo de excelência é o único que faz sentido se queremos afirmar-nos e fazer da ciência um dos pilares do nosso desenvolvimento.
Numa entrevista que a Prof. Carmo Fonseca deu por altura da conquista deste prestigiado prémio, afirmou que “o que foi feito é o resultado de um investimento massivo na ciência portuguesa mas importa não parar porque se travarmos este crescimento vamos comprometer a ciência nas gerações futuras. Vai ser impossível manter um nível competitivo.”
Por isso é preocupante que em 2010 o financiamento para bolsas e projectos de investigação tenha decrescido de forma visível. Deve aqui ser reconhecido que nos últimos anos o esforço orçamental para reforço do financiamento para a ciência tem sido ímpar e sem precedentes.
84% de decréscimo
E também é certo que todos temos que participar no esforço de saneamento das contas públicas do país e por isso não pode haver excepções para nenhum sector devido à situação grave que atravessamos.
Mas quando se poderia esperar um corte de 10%, 15% ou mesmo 20% soubemos nos últimos dias que o financiamento para projectos da Fundação para a Ciência e a Tecnologia no âmbito do Programa Operacional Factores de Competitividade decresceu 84% em relação ao ano anterior (onde já tinha havido um decréscimo).
Fica a esperança que este esforço de contenção também ímpar e sem precedentes e que nos afecta a todos em várias frentes, sirva para rapidamente sairmos da situação grave em que nos encontramos.
Faço votos também para que apesar do pessimismo com que os portugueses entraram em 2011, o ano nos traga agradáveis surpresas, como algumas que foram noticiadas no CH ao longo de 2010 e que mostram o sucesso que muitos dos nossos investigadores têm a nível internacional. Votos de um bom ano para todos os leitores do CH.