Declaração final do 6° FMC pede cooperação para o desenvolvimento sustentável
A declaração do 6º Fórum Mundial de Ciência (FMC) foi divulgada no início da tarde desta quarta-feira (27), no encerramento do encontro, no Rio de Janeiro. O documento aprovado pelos participantes enfatiza a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento e a responsabilidade da ciência na sua construção.
O texto defende intensos esforços de pesquisa, com abordagens interdisciplinares e transdisciplinares, para enfrentar os desafios crescentes do desenvolvimento sustentável global, dos quais são destacados: crescimento populacional, mudanças climáticas, catástrofes, escassez de energia e água, concentrações urbanas em crescimento, epidemias, desigualdade social e pobreza.
De acordo com Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciência (ABC), as sugestões da declaração são muito ambiciosas, mas possíveis de serem aplicadas. Ele afirmou que a principal mensagem do documento é utilizar a ciência como instrumento de progresso e inclusão social. “Temos que olhar muito para o desenvolvimento sustentável global sem promover qualquer tipo de exclusão social. Do contrário, ele não será sustentável e nada disso será válido”, afirmou o presidente.
Para Palis, um dos tópicos do documento que merecem destaque é o que trata sobre a educação como elemento chave para a redução de desigualdades e promoção da ciência e tecnologia de forma global e sustentável. O cientista lembrou que essa proposta partiu de uma contribuição brasileira, fruto dos sete encontros preparatórios para o FMC.
Para Glaucius Oliva, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Governo brasileiro tem ações em relação a todos os aspectos relatados nas recomendações. Em especial, salientou o dirigente, existem políticas públicas focadas na inclusão social.
“Temos vários instrumentos no MCTI que estimulam o desenvolvimento de tecnologias assistivas e de tecnologias para grandes populações. No CNPq, por exemplo, lançamos recentemente editais voltados para o estudo em tecnologias direcionadas para assentamentos rurais e também uma chamada para novas tecnologias adequadas a sistemas consultivos do programa Minha casa, Minha vida”, enumerou Oliva.
O presidente do CNPq completou informando que o Conselho deverá criar mais mecanismos de fomento para área de inclusão social em virtude da enorme quantidade de projetos enviados. “Em cada um destes editais recebemos mais de 400 propostas. Isto quer dizer que os cientistas brasileiros estão prontos para atender esta demanda”, destacou.
BALANÇO
Na avaliação do presidente da ABC, Jacob Palis, a edição do FMC no Rio de Janeiro foi a mais global. O cientista observou que em termos de qualidade e diversidade de assuntos, o evento superou as expectativas.
Palis aproveitou o encerramento para destacar a participação de políticos brasileiros na área de CT&I durante todo o ano nas sessões parlamentares. Ele lembrou que atualmente tramita nas duas casas do Congresso Nacional leis de extrema importância para o futuro da ciência brasileira. “Eles estão discutindo o novo marco legal para o setor. Isso é importantíssimo. O Brasil precisa dar estímulos, inclusive com redução de impostos. Mas, acima de tudo, é preciso de flexibilização das nossas compras e reduzir os processos burocráticos”, finalizou o cientista.
Fonte: MCTI