Dendê é tema de cooperação técnica entre Brasil e Equador

Com o objetivo de fortalecer a capacidade científica do Brasil e Equador e consolidar um grupo técnico capacitado, em ambos países, para a produção de matérias primas de fontes alternativas para geração de agroenergia, está sendo realizado o projeto “Desenvolvimento de processos agroprodutivos para biocombustíveis”, executado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). No Brasil, o projeto é fomentado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e no Equador, pela Secretaria Técnica de Cooperação Internacional (Seteci).

Como atividade deste projeto, pesquisadores do Instituto Nacional Autónomo de Investigaciones Agropecuárias (Iniap) do Equador, pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental (AM) e da Embrapa Amazônia Oriental (PA), unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária estiveram no período de 19 a 30 de novembro de 2012, com uma programação de reuniões e visitas técnicas nos estados do Amazonas e Pará, dentro do Workshop de Fortalecimento de Cooperação Técnico-Científica na cultura do dendezeiro entre Brasil e Equador.

Os pesquisadores do Iniap (órgão de pesquisa agropecuária no Equador) – Jorge Orellana, Leonardo Quintero e Walter Zembrano , em visita técnica ao Brasil no âmbito desse projeto, tiveram a oportunidade de conhecer as pesquisas com palma de óleo (dendê) desenvolvidas pelas unidades da Embrapa no Amazonas e Pará, além do trabalho de produtores e empresas privadas que atuam na dendeicultura no Pará.

As atividades deste  Workshop, no Amazonas, são coordenadas pelo pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Wanderlei Lima, e, no Pará, pelo pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Rui Alberto Gomes Júnior.

O pesquisador Wanderlei Lima, destaca que a Embrapa é atualmente a única empresa pública no Brasil com programa de melhoramento genético e produção de sementes de dendezeiro e híbrido interespecífico, enquanto o Equador, por sua vez, é o oitavo maior produtor mundial de palma de óleo e o segundo maior produtor da América Latina (o primeiro é a Colômbia).

“Uma equipe da Embrapa foi ao Equador e agora uma equipe do Iniap veio ao Brasil, ambos conhecendo a realidade de cada país, e isso é importante para criar condições de intercâmbio científico, troca de experiências sobre as ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação em cada uma das instituições, e estabelecer fóruns para discutir a dendeicultura na América Latina”, explica Wanderlei.

O pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Rui Gomes Júnior, destaca que em relação ao cultivo de palma de óleo, Brasil e Equador são países tropicais que possuem condições de clima e solo propícios a esse cultivo, possuem embasamento técnico forte, mas também enfrentam problemas em relação a essa cultura, que é o caso de distúrbios fisiológicos nas plantas que causam perdas de produção. No caso brasileiro, um exemplo disso é o amarelecimento fatal (AF) e no caso equatoriano é a ‘pudrición de cogollo’ (PC), e ambos problemas estão sendo superados com a adoção de plantios de híbridos interespecíficos, desenvolvidos pelos setores de pesquisa agropecuária dos respectivos países.

O pesquisador do Iniap, Jorge Orellana, diretor da Estação Experimental Santo Domingo, disse que uma das expectativas é fortalecer e propiciar atividades de pesquisa e intercambio de materiais genéticos para o desenvolvimento da cultura da palma com foco em biocombustíveis.

Orellana informou que, no Equador, o cultivo de dendê (ou palma africana, como é conhecido naquele país) existem aproximadamente 280 mil hectares que estão sendo manejados por mais de 5 mil produtores.

Destes, 80% são considerados pequenos e médios produtores, por utilizarem até 100 hectares. Cerca de 15% destas áreas estão localizadas na Amazônia equatoriana, com aproveitamento de áreas que antes foram pastagens. Segundo o pesquisador do Iniap, toda essa economia da palma gera 150 mil empregos diretos e formais, com benefícios sociais e atualmente o setor palmeiro é o que mais contribui em impostos no Equador.

O pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Wanderlei Lima, situa a posição do óleo de palma como o óleo mais comercializado no mercado mundial, representando um terço de todos os óleos comercializados no mundo.

O pesquisador informa que a demanda mundial por esse óleo aumentou mais que o dobro nos últimos dez anos, para atender diversos segmentos industriais, desde a indústria de higiene, de cosméticos, indústria alimentícia e a indústria química.

Dessa forma, o óleo de dendê é uma matéria-prima que está presente em diversos produtos como sabões, detergentes, sabonetes, xampus, margarinas, sorvetes, biscoitos (principalmente como substituto para gorduras trans), assim como também na fabricação de lubrificantes e de biocombustível.

INTERCÂMBIO

A programação do Workshop de Fortalecimento de Cooperação Técnico-Científica na cultura do dendezeiro entre Brasil e Equador começou na Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-AM), onde a comitiva de pesquisadores equatorianos recebeu informações das principais linhas de pesquisa pelo chefe-geral, Luiz Marcelo Brum Rossi, e visitou o Laboratório de dendê e Agroenergia (produção de sementes), o campo de produção de matrizes para produção de sementes e também os Laboratórios de Cultura de Tecidos, Biologia Molecular, Fitopatologia, Fisiologia Vegetal, Entomologia, Análise de Solos e Plantas, que dão suporte às pesquisas desenvolvidas com a palma de óleo nesta Unidade da Embrapa.

A comitiva também trocou informações com os demais membros da equipe de pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental que trabalha com dendeicultura: Sara Rios, Ricardo Lopes, Raimundo Cunha, Daniela Bittencour e Maria do Rosário Lobato; e com o gerente do Escritório de Negócios da Amazônia (Ena), Rosildo Costa. Esse escritório da Embrapa Produtos e Mercado é responsável pela comercialização de sementes pré-germinadas de dendê.

Em visita ao campo experimental do Rio Urubu, pertencente à Embrapa Amazônia Ocidental, no município de Rio Preto da Eva (AM), a equipe do Equador conheceu o Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de caiaué (ou palma de óleo americana) e a usina de extração de óleo, os Laboratórios de preparo de pólen, extração de óleo e beneficiamento de sementes e ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de dendê (ou palma africana).

No Pará, a comitiva realizou visita técnica às empresas Denpasa, Biopalma, Agropalma, Marborges, Dentauá e aos Laboratórios de Agroindústria, Climatologia, Sensoriamento Remoto, Fitopatologia, Entomologia e Cultura de tecidos na Embrapa Amazônia Oriental. Além da comitiva equatoriana do Iniap e os coordenadores, participaram das vistas as pesquisadoras da Embrapa Amazônia Ocidental, Sara Rios e Cristiane Krug, que trabalham respectivamente, com pesquisas de melhoramento genético e entomologia, relacionados à cultura do dendê.

Fonte: Ascom da Embrapa