Descoberto o gene da surdez que possibilita o tratamento para perda auditiva
06/01/2012 – Em testes com ratos, pesquisadores da Universidade de Medicina de Washington revelaram que 2/3 das células ciliadas externas, as células delicadas do ouvido interno que amplificam os sons, haviam desaparecido. Os danos a essas células estão associados com a maioria dos casos de perdas auditivas relacionadas à idade avançada, exposição a ruído e algumas doenças genéticas.
O estudo sugere que este gene – que também é encontrado em seres humanos – pode ser a chave para as tentativas de crescer novas células ciliadas, considerado o Santo Graal dos tratamentos pesquisados para a surdez.
Segundo os cientistas, os nossos corpos não têm nenhuma maneira de substituir essas células, não há atualmente nenhuma cura, embora os aparelhos auditivos possam proporcionar algum alívio. A descoberta traz a perspectiva de um tratamento para prevenir a perda auditiva.
Os pesquisadores ‘nocautearam’ o gene em ratos por meio da remoção de uma proteína que faz com que eles a desenvolvam enquanto estão no útero. Chamado de FGF20 em camundongos, quando retirado os animais pareciam perfeitamente saudáveis, mas não podiam ouvir. Removê-los nesta fase inicial não parece causar quaisquer outros efeitos adversos.
Em particular, as células ciliadas internas, que eletricamente transmitem os sons amplificados para o cérebro, permaneceram normais. O autor principal, Dr. Sung-Ho Huh afirma: “Esta é a primeira evidência de que as células ciliadas externas e internas se desenvolvem independentemente uma da outra. Isso é importante porque a maioria das perdas auditivas relacionadas à idade e ruído ocorre devido à perda de células ciliadas externas” em declaração ao britânico Daily Mail.
O próximo passo é constatar se a surdez em humanos está associada com mutações do mesmo gene, que já está em andamento. A professora Karen Steel, uma especialista em genética da surdez no Instituto Sanger, em Cambridge, que não esteve envolvido no estudo, lembra que “a comunidade científica é muito, muito interessada em desenvolver uma maneira de provocar a regeneração das células ciliadas. O que este estudo sugere é que FGF20 poderia ser fundamental para o desenvolvimento de células ciliadas, como parte de um coquetel de outras moléculas. É um problema muito complicado, pois há tantos genes potencialmente envolvidos, é como um quebra-cabeça de mil peças, mas estamos cada vez mais perto”.
A especialista em perda auditiva, Rachel Baker ressalta que "entender como as células do ouvido interno crescem é crucial para o desenvolvimento de novas terapias para proteger e restaurar audição. No futuro, isso poderia levar a estudos para testar se a reativação de FGF20 pode regenerar partes danificadas do ouvido interno”.
O estudo foi publicado na revista PLoS Biology.
Fonte: Jornal Ciência, por Paolla Arnoni