Dia Mundial da Água traz reflexão sobre a preservação do meio ambiente
Em algumas partes do mundo a falta de água já é uma realidade. A escassez do líquido chamou a atenção da Organização das Nações Unidas (ONU) que criou o Dia Mundial da Água, celebrado nesta sexta-feira (22). Desde então, são realizados diversos eventos simultâneos em torno do tema para discutir e refletir sobre o desperdício do recurso que pode ficar cada vez mais escasso.
A ONU também declarou 2013 como o “Ano internacional da Cooperação pela Água”. A proposta da iniciativa é estimular a conscientização, o acesso e a distribuição da água, assim como sensibilizar o uso consciente dos recursos hídricos. De acordo com o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Sergio Roberto Bulcão Bringel, a preocupação da ONU é importante, uma vez que, de acordo com a instituição, atualmente a sociedade passa por uma crise global da água.
“Nas últimas décadas tem se observado que fica cada vez mais evidente que no mundo existe uma crise crônica da água. E podemos mencionar que a crise da água é devido, principalmente, a três problemas. Primeiro, a escassez devido às grandes secas. Segundo, o excesso, as grandes inundações e terceiro, a deterioração da qualidade, que gera a poluição e a contaminação”, pontuou.
Segundo o pesquisador, como a água é essencial para a sobrevivência, deixou de ser considerada um objeto de veneração pela sua capacidade de dar vida e, hoje, foi convertida em mercadoria.
PESQUISAS PARA MUDANÇAS
Segundo o pesquisador, a poluição também compromete os recursos hídricos de alguns igarapés que drenam a área urbana de Manaus. “As águas dos igarapés do Educandos e do São Raimundo mostram alterações na composição química, anóxia em períodos alternados e contaminação por coliformes fecais e totais”, disse.
De acordo com Bringel, no Amazonas a demanda por água é de aproximadamente 896.185 m3/dia. Para mudar o quadro de desperdício do líquido, o pesquisador defende a educação ambiental.
O pesquisador afirmou que os problemas citados vêm sendo estudados pelo Inpa com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
“Os estudos visam conhecer as características físicas, físico-químicas e químicas para que possamos entender os processos que ocorrem na Amazônia, com o intuito de elaborar índices de qualidade da água, para que possamos construir um modelo de Gestão de Recursos Hídricos que atenda à realidade amazônica”, finalizou.
CONSCIENTIZAÇÃO
O assunto também chama a atenção dos alunos da Escola Estadual Ângelo Ramazzotti, em Manaus. Com a coordenação da professora Viviane de Oliveira Lima Zeferino, estudantes do ensino médio da instituição desenvolveram o projeto de pesquisa intitulado “Água Nossa de Cada Dia”. De acordo com a professora, o estudo visa contribuir com a disseminação de informações relevantes sobre o consumo diário de água, destacando a importância da ingestão equilibrada do líquido para a promoção e manutenção.
Outro projeto voltado para a qualidade da água está em andamento. Trata-se da pesquisa “Recursos Hídricos da Cidade de Manaus & Ação Antrópica”. O trabalho também é coordenado por Zeferino e conta com o apoio da Fapeam, por meio do Programa Ciência na Escola (PCE).
“Este projeto tem como pauta obrigatória a intrínseca relação do homem com os recursos hídricos, considerando que a história da cidade de Manaus revela estreita relação com os recursos hídricos, porque foi erguida na confluência de dois grandes rios: o Negro o Amazonas”, disse Zeferino.
A professora enfatizou que o fomento à pesquisa no Estado contribui para a formação continuada de pessoas comprometidas com a conservação dos recursos hídricos. “A participação de vários alunos do Ensino Médio é uma ação de formação de indivíduos comprometidos com a pesquisa e a disseminação de informações relevantes à comunidade escolar e se estende aos demais segmentos sociais”, concluiu.
SOBRE O PCE
O programa consiste em apoiar, com recursos financeiros e bolsas, sob a forma de cotas institucionais, estudantes dos ensinos Fundamental e Médio integrados no desenvolvimento de projetos de pesquisas em escolas públicas e municipais que despertem a iniciação científica no ensino básico do Amazonas. O PCE conta com apoio das secretarias Estadual (Seduc) e Municipal de Ensino (Semed).
Fonte: Agência Fapeam, por Rosa Doval.