Droga Ivermectina pode ser usada no combate à malária

O objetivo dos investimentos é apoiar pesquisas de novos medicamentos e métodos de tratamento aos pacientes. Foto: Reprodução

O Ministério da Saúde registrou, em setembro deste ano, 13 mil novos casos de malária na região Norte. Desse total, 6,1 mil casos foram registrados no Amazonas. Em busca do controle e da cura da doença, o Governo do Estado, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), vem apoiando projetos de pesquisa de novos medicamentos e métodos de tratamento aos pacientes.

De 2013 a 2014, por exemplo, acadêmicos dos cursos de Saúde de instituições de Ensino Superior e/ou Pesquisa no Amazonas desenvolveram sete estudos, no âmbito do Programa de Apoio à Iniciação Científica (Paic), na Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), na tentativa de erradicação da malária.

Entre eles, está o intitulado “Efeito da ivermectina (Iv) na sobrevida de Anopheles aquasalis”, realizado pela graduanda em Farmácia pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Cybelle de Souza Lima, que concluiu que há possibilidade do uso da Ivermectina para erradicação da malária.

“Considerando o perfil de segurança do fármaco, é possível vislumbrar a sua utilização em algumas situações, como na administração do fármaco em massa, em áreas onde os mosquitos são exofílicos, ou seja, entram nas casas, picam as pessoas e saem antes ou ao amanhecer”, disse a estudante na conclusão do estudo.

A pesquisa foi coordenada pelo doutor em Medicina Tropical pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Wuelton Marcelo Monteiro, e apresentado no 14º Congresso de Iniciação Científica da FMT-HVD, em agosto deste ano.

Saiba mais sobre a malária

Anopheles aquasalis é o mosquito transmissor da malária com ocorrência no litoral atlântico da América do Sul. Seus criadouros são áreas alagadas, com água salobra ou salgada e com vegetação e material orgânico em seu interior.

Durante o projeto, os pesquisadores realizaram coletas de sangue de pacientes voluntários, antes da administração da Ivermectina, para o controle. O medicamento foi administrado nos voluntários em períodos de 4 horas a 14 dias. Logo após, foram realizadas novas coletas de sangue nos pacientes para alimentar, artificialmente, grupos de fêmeas de Anopheles aquasalis. “Os mosquitos foram mantidos durante 14 dias sob observação e verificação de mortalidade a cada 12 horas”, informaram os pesquisadores.

A análise dos resultados demonstrou que a Ivermectina é capaz de reduzir a sobrevida do Anopheles aquasalis mesmo após 14 dias da administração do medicamento.

Segundo eles, os resultados indicam que há uma grande possibilidade do uso da Ivermectina para erradicação da malária em programas locais da América Latina.

SOBRE O PAIC

O Programa tem como objetivo apoiar, com recursos financeiros e bolsas institucionais, estudantes de graduação interessados em desenvolver pesquisas em instituições públicas e privadas no Amazonas.

Fonte: Agência Fapeam, por Camila Carvalho