Ecossistemas comunicacionais geram pesquisas na era da interatividade
Desde as primeiras formas de comunicação humana, a natureza sempre influenciou o homem na produção das mensagens dentro de ambientes culturais, sociais e tecnológicos que formam verdadeiros ecossistemas comunicacionais. Em tempos de sustentabilidade, essa influência e os impactos advindos com os novos processos comunicacionais impulsionados pelas tecnologias disponíveis na era digital, vêm inspirando reflexões que se tornaram pesquisas no âmbito das Ciências da Comunicação.
A ideia de ecossistema vivo aplicada aos processos comunicacionais tem fomentado a reflexão nos dias atuais. Para o doutor em Ciências da Comunicação e professor do Programa de Mestrado em Ciências da Comunicação (PPGCCOM/Ufam), Gilson Monteiro, a internet interage com as pessoas a partir de processos comunicacionais mais atuantes do que os meios de comunicações analógicos.
“A questão ambiental, dentro desse processo, é bastante ampla que traz conceitos, definições e métodos das ciências naturais para o campo da comunicação”, explicou.
As novas estruturas comunicacionais chamam atenção no âmbito científico, pois surgem a cada dia novas relações intermediadas pelas tecnologias da informação e da comunicação. Para o professor, a sociedade necessita se organizar frente às tecnologias emergentes, como gerenciar as organizações comunicacionais e midiáticas.
De acordo com Monteiro, as reflexões sobre essa temática podem se consolidar a partir das ações do Programa de Mídias Digitais da Ufam – Ecoem, que dentre suas metas tem a criação de um ‘prédio inteligente’, reutilizando os recursos naturais por meio da captação de água e de energia sustentável. O projeto deve contar com fomento do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) para a construção das instalações.
Com a criação desse prédio, os pesquisadores devem trabalhar em redes de cooperação, como um centro de pesquisa, desenvolvendo soluções, propondo softwares para dar suporte ao tradicional por meio da digitalização ou virtualização a fim de transformar a vida das pessoas com o uso da tecnologia.
“É preciso pensar numa universidade que interage com o mundo, atraindo pessoas que tenham o interesse em vir pesquisar aqui porque a própria região também atrai. Pensamos em soluções comunicativas, levando em consideração que as pessoas estão o tempo todo interagindo com máquinas dentro de um sistema. As pessoas precisam compreender que a gente não está mais ligado somente pelos laços da vida real”, explicou Monteiro.
SEMENTES QUE GERAM FRUTOS PROMISSORES
A base teórica dessas novas perspectivas da comunicação na era da interatividade está na área de concentração do PPGCCOM, inspiradas em teorias e conceitos como: Autopoiese e Teoria da Cognição, de Humberto Maturana e Francisco Varela; Teoria da Complexidade, de Edgar Morin; Teoria dos Sistemas Vivos, de Fritjof Capra, entre outros.
O pesquisador lidera o Grupo de Pesquisa Interfaces que atua intensamente nessas reflexões entre o homem, a tecnologia e a comunicação. O Interfaces já realizou pesquisas de grande relevância que abordaram a história dos meios de comunicação em Manaus.
O grupo também desenvolveu por dois anos um caderno de Ciência e Tecnologia (C&T) no jornal impresso Em Tempo e lançou duas edições impressas da revista científica Intermais. Essas ações foram realizadas com fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Projeto de Memória da Mídia no Amazonas. Após a criação do Programa de Mídias Digitais, a ideia é que sejam criados uma WebTV e uma Webradio, além de outros produtos digitais comunicacionais.
Fonte: Agência Fapeam, por Edilene Mafra