Empresa amazonense é selecionada para competição de jovens inovadores

12/09/2012 – Celulares, desktops, netbooks. Todo dia um novo dispositivo surge e os obsoletos precisam sair de cena. E para onde vão? Para o lixo, quase sempre. Pensando em dar uma destinação social para esse material, um grupo de amigos no Amazonas resolveu se unir e montar a empresa social Descarte Correto. Depois de coletados em pontos previamente agendados, os materiais não passíveis de reciclagem são destinados para empresas de incineração licenciadas. Os computadores recuperados são doados a Centros de Inclusão Digital ou passam a equipar cursos profissionalizantes da empresa.

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Uma ideia que já ganhou o mundo. A empresa foi a única brasileira selecionada entre 12 finalistas para participar, em outubro, da Competição Jovens Inovadores, promovida pela União Internacional das Telecomunicações (UIT). Os projetos serão apresentados em outubro, na Telecom 2012, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Os selecionados vão receber treinamento e participar de workshops com especialistas em tecnologia da informação e ainda concorrer a prêmios em valores de até R$ 21 mil.

Entre os finalistas estão empresas do Uruguai, Estados Unidos, Quênia, Paquistão, Omam, Eslováquia, Índia e Indonésia. A Descarte Correto é a única representante do Brasil. “Percebemos no ‘lixo tecnológico’ um material para manutenção e criação de escolas de inclusão digital e possibilidade de gerar recursos financeiros para seu funcionamento”, explica Lucas Simão Oliveira, membro da empresa e aluno do curso de Ciência da Computação da Faculdade Fucapi.

A empresa funciona há pouco mais de dois anos, e nasceu de projeto de inclusão digital há cerca de 12 anos, liderado por Alessandro Dinelli, um dos atuais sócios da Descarte Correto. “Com uma crise econômica que resultou no corte de verbas para esse tipo de ação, nossas atividades acabaram diminuindo de volume, até surgir a ideia de recolher o lixo eletrônico para tentar recuperar as escolas onde já trabalhávamos”, conta. Além de renovar as escolas e centros onde já eram desenvolvidas atividades, o projeto possibilitou montar também novas unidades.

Nesses dois anos de atuação, a empresa já “beneficiou” mais de 10 toneladas de lixo eletrônico, o que gerou mais de 100 computadores distribuídos para seis centros de inclusão digital. “Sabemos que as pessoas precisam de uma motivação para sair de casa e levar o lixo para um posto de coleta. Por isso, estamos trabalhando com parcerias com outras empresas e instituições, o que possibilita a oferta de descontos em compras ou em cursos”, destaca Lucas Simão Oliveira.

Após “reciclagem”, equipamentos ganham nova vida

Empresas, órgãos do governo e os próprios usuários podem fazer doações de material. A Descarte Correto faz uma visita de avaliação do lixo tecnológico para definir forma e custo de destinação. Há inclusive uma opção de serviço de coleta.

Os itens recebidos pela empresa passam por manutenção reversa, que é a avaliação de cada item, separação do material resultante da desmontagem dos resíduos por tipologia, para sua destinação às empresas de destino final ou reciclagem, especializadas e licenciadas ambientalmente.

Os materiais não passíveis de reciclagem são destinados para empresas de incineração devidamente licenciadas. Os computadores recuperados são direcionados aos Centros de Inclusão Digital e Cursos Profissionalizantes parceiros da Empresa Social. O doador do material recebe um Certificado de Destinação, com detalhamento de tudo que foi doado e onde será utilizado.

Conheça os outros finalistas

A Descarte Correto foi indicada junto com outras 11 empresas. De Omam, o B.IT é um sistema que utiliza o GPS para monitorar as unidades em bancos de sangue e acionar, por SMS, possíveis doadores o mais rápido possível. Já o CHIPSAFER, desenvolvido por uma empresa uruguaia, é um sistema que utiliza chips de células solares para detectar aumentos elevados de temperatura no gado, com o objetivo de detectar possíveis surtos de febre aftosa. Outro projeto selecionado como foco a saúde pública, o HIYP é um aplicativo que utiliza QR codes para verificar a autenticidade de medicamentos.

Dos Estados Unidos, outra startup de tecnologia criou o Crisis Solutions, um Sistema de Informação de Gestão de Desastres e Comunicação. Da Eslováquia, outro sistema – Excalibur – se propõe a desenvolver um sistema seguro de autenticação no ambiente de internet, tanto para o comércio como para organizações governamentais.

Dos Emirados Árabes Unidos, a selecionada foi a empresa que desenvolveu o Gradberry.com, site de gerenciamento de carreiras, exclusivamente para estudantes e graduados. Lançado em novembro de 2011, ele conecta empregadores, universidades, estudantes e graduados, e utiliza técnicas sociais de contratação.

Da Indonésia vem o Isara, um sistema de ensino de línguas que oferece aprendizado interativo, em tempo real, com o uso do Kinect como sensor de movimento. Seguindo o mesmo conceito, o Lab Magic, do Paquistão, fornece um novo método de ensino de ciências usando um ambiente de laboratório virtual que permite aos alunos fazer a experimentação criativa no processo de aprendizagem.

Outro projeto selecionado, SasaAfrica, do Quênia, capacita artesãs para se tornarem empresários globais, conectando fornecedores e consumidores usando a telefonia celular. Também do Quênia vem outro finalista: Takachar, que trabalha com a juventude local para a gestão de resíduos sólidos para a favela de Kibera, em Nairobi, gerando carvão (um combustível comum local) a partir de resíduos orgânicos.

Da Índia, país com 1,2 bilhão de habitantes, vem Youth Ki Awaaz. Literalmente traduzido para “voz da juventude” em Inglês, o site faz uso de ferramentas online e novas mídias, mobilizando a juventude por meio do jornalismo colaborativo para facilitar a liberdade de expressão e participação nas questões nacionais.

Especialistas formam grupo de trabalho no AM

Estima-se que sejam produzidas 600 toneladas de resíduos sólidos por dia no Polo Industrial de Manaus (PIM). O problema do ciclo de vida dos produtos e a destinação correta dos resíduos sólidos industriais e urbanos vem ganhando maior atenção, principalmente após a aprovação da lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em 2010. Para apoiar as empresas da região na busca pelo atendimento aos requisitos da nova legislação, foi criado, em março deste ano, o Grupo de Trabalho para a Gestão dos Resíduos Sólidos (GTRS).

A iniciativa para a criação do Grupo partiu da Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fucapi) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). As duas instituições atuavam isoladamente em projetos e programas para adequar processos e disseminar o conhecimento em cumprimento às leis ambientais. Em abril, o grupo ganhou a adesão da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).

“Entre outras propostas, o Grupo de Trabalho busca estruturar os recursos das organizações, de forma a melhorar os resultados, apoiando as empresas da região para buscar o atendimento aos requisitos da nova legislação”, explica o assessor da Coordenação do Centro Geral de Serviços Tecnológicos (CGST) da Fucapi, José Luiz Zanirato Maia.

Fonte: Fucapi