Encontro de Jornalismo reúne estudantes e profissionais na SNCT, em Manaus

CIÊNCIAEMPAUTA, POR ALESSANDRA KARLA LEITE

Na plateia do Encontro, jornalistas e estudantes de Comunicação. Foto: Eduardo Gomes/CiênciaEmPauta

O desafio de levar a ciência para o público de forma simplificada, com ênfase na utilidade e função social foi o centro do debate, nesta quinta-feira (06), durante o I Encontro de Jornalismo de CT&I do Amazonas, uma das atividades da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), em Manaus.

O Encontro foi organizado pela equipe do Programa de Comunição Científica da Secretaria de Estado de Ciencia, Tecnologia e Inovação (SECTI-AM), sob coordenação da jornalista, Marlúcia Seixas, e com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

Para um público de acadêmicos e jornalistas, o físico e diretor do Museu da Amazônia (Musa) e presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ennio Candotti, realizou a palestra com o tema “Desafios da pauta de CT&I na mídia”.

“A questão é saber quais são os principais desafios da divulgação científica, envolver os cientistas e ajudá-los para que escrevam o que sabem. O trabalho do jornalista é levar essa informação de forma simples para o público. O cientista não é concorrente do jornalista. Tem trabalho para todo mundo”, ressaltou Candotti.

Para o físico, o jornalista deve ser portador de perguntas “inconvenientes” e buscar respostas simples para situações complexas que afligem a toda a sociedade.

Candotti enfatizou a necessidade de se conhecer a Amazônia para poder divulgá-la como patrimônio. “A floresta vale pelos seus micro-organismos. Estamos no maior laboratório do mundo, um museu a céu aberto. Não podemos aceitar divulgar a ciência sem entender para que serve, seus benefícios. A divulgação é nosso único instrumento para regular toda essa gama de informações desreguladas”, disse.

O diretor do Musa terminou a palestra convocando os estudantes, jornalistas e futuros profissionais a priorizarem o bem coletivo em detrimento dos interesses econômicos que permeiam a divulgação científica. “Escolham o interesse público, sejam os porta-vozes desse público e de sua curiosidade. É preciso politizar a divulgação científica  para que ocorra a popularização da ciência”, destacou.

Após a palestra, a jornalista, especialista em Teoria e Pesquisa em Comunicação, mestra pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA), coordenadora do programa LigAção – Comunicação, Meio Ambiente e Cidadania na Amazônia (Decom-Proext-Ufam), professora universitária e articulista do jornal A Crítica, Ivânia Vieira, realizou a moderação do debate entre o público e os convidados.

Compuseram o grupo de debatedores, o jornalista Jão Garcia, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e cartunista e quadrinista do boletim eletrônico “ComCiência” da Unicamp/SBPC; o jornalista Leandro Duarte, editor chefe e coordenador da Unidade de Informação e Comunicação da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (Abipti) e responsável pelo portal Gestão CT&I, de Brasília (DF); e Glaucia Chair, professora universitária e gerente de notícias de internet da Rede Amazônica.

Para Duarte, o desafio é a sobrevivência do jornalismo científico em um mercado de trabalho cada vez mais escasso. “Não temos recursos para promover essa divulgação científica da forma como deveria ser. A maioria dos profissionais trabalha em veículos institucionais. Ainda existe uma dificuldade enorme de acesso aos pesquisadores e seus trabalhos”, opinou.

Já Gláucia Chair, ressaltou o templo de conhecimento que é a Amazônia e a urgência de divulgar essa riqueza para o mundo. “Se nós que estamos aqui não fizermos essa divulgação, quem vai fazer por nósO portal em que trabalho já foi muito premiado pela prioridade dada ao tema científico, embora considere que sejam necessárias mais ações públicas e privadas para atrair público para esse tipo de conteúdo”, avaliou.

CIÊNCIA E HUMOR

O cartunista Jão Garcia apresentou inúmeros quadrinhos publicado desde 1994, mostrando aos estudantes e profissionais a forma bem humorada de criticar e chamar para a reflexão. “Toda piada é humor, mas nem todo humor é piada”, declarou. Entre os trabalhos apresentados, estavam alguns sobre a temática da Amazônica, biomas e o Marco Civil da Internet.

Para Garcia, ilustrar a informação científica por meio dos desenhos chama a atenção do leitor, levando-o a enxergar a questão de forma mais crítica. 

Da esquerda para a direita: Jão Garcia, Leandro Duarte, Ennio Candotti, Marlúcia Seixas, Glaucia Chair, e Ivânia Vieira. Foto: Eduardo Gomes/CiênciaEmPauta

Da esquerda para a direita: Jão Garcia, Leandro Duarte, Ennio Candotti, Marlúcia Seixas, Glaucia Chair, e Ivânia Vieira. Foto: Eduardo Gomes/CiênciaEmPauta

Os participantes puderam fazer perguntas aos debatedores. Entre as principais questões enfatizadas pelos estudantes de Jornalismo e pelos profissionais está a dificuldade de entendimento sobre o conteúdo repassado, como os textos das pesquisas. 

Para o físico Ennio Candotti, se o cientista não responde claramente às perguntas dos jornalistas é porque não entendeu o que está fazendo. “Por meio de metáforas, e imagens podemos explicar tudo. Somos todos pequeninos, não se intimidem”, finalizou. 

SNCT 

O I Encontro de Jornalismo de CT&I do Amazonas foi uma das atividades promovidas pela SECTI-AM, no âmbito da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que este ano tem como tema “Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social”.

A SNCT termina nesta sexta-feira (7) e está sendo realizada no Clube do Trabalhador do Amazonas – Sesi, localizado na Alameda Cosme Ferreira, 7.399, São José I, zona leste de Manaus.

CIÊNCIAemPAUTA, por Alessandra Karla Leite