Engenharia volta atrair estudantes universitários
A escassez de mão de obra está relacionada à formação de engenheiros, seja para a construção civil, ou para atuar em outros setores de infraestrutura. Entre os cerca de 800 mil estudantes de todos os cursos universitários que se formam por ano no País, apenas 50 mil são engenheiros, isto é, um profissional da área para cada 50 formandos. Enquanto que na Coreia do Sul, essa relação é de um para quatro. Estima-se que haja no País pouco mais de 600 mil engenheiros credenciados, o que equivale a seis profissionais para cada mil pessoas economicamente ativas, um número também muito baixo se comparado a outras nações. Nos Estados Unidos, a relação é de 25 para mil trabalhadores.
Uma das razões dessa fragilidade está na baixa escolaridade do País. Um relatório do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o percentual de jovens de 20 a 24 anos matriculados no ensino superior era de apenas 12,4% no Brasil, em 2007. No México, o percentual está em 15%, na Turquia, 20%, no Chile, 26,7% e na Coreia do Sul, 48,7%. O sistema de educação superior no Brasil também está concentrado nas áreas de educação, ciências sociais, direito, economia e administração.
Segundo o censo de 2010, a formação em engenharia abrange apenas 7,6% das pessoas com nível superior, 20% menos que 9,6% apurados dez anos antes. Além de formar poucos engenheiros em comparação com outras economias, o Brasil enfrenta a evasão nos cursos de engenharia. Mais da metade não conclui o curso, a maioria dos estudantes deixa a faculdade nos dois primeiros anos do curso.
“A mão de obra qualificada é preocupação constante no Brasil. Na construção, isso ocorre em todas as áreas. Com a expansão das atividades na construção civil, mais gente pode se interessar em trabalhar no setor. Isso deve reverter a tendência”, diz o presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Sergio Watanabe.
Depois de décadas de paralisia em projetos de construção e infraestrutura, os engenheiros também têm buscado novos ares. Segundo dados de pesquisa Ipea, apenas 38% dos formados em engenharia, em 2009, estavam no mercado nas suas ocupações típicas. Ou seja: seis em cada dez engenheiros atuavam em outras funções. Em 2020, a previsão é de que esse número aumente para 45%.
O mesmo estudo do Ipea alerta que em alguns setores, como construção civil, mineração, petróleo e gás, poderia haver um gargalo na oferta de profissionais, caso a economia cresça a níveis muito altos. Segundo o relatório, um crescimento econômico de 6% ao ano até 2020, o mercado de trabalho demandaria 1,15 milhão de profissionais da área da engenharia em 2020. Se o país crescer 2,5%, precisará de 563 mil engenheiros e se crescimento for de 4 %, demandará 765 mil profissionais de engenharia.
AMAZONAS
No Amazonas a realidade não é muito diferente. Mas, o Governo do Estado por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), em parceria com a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI-AM) e Secretaria do Estado de Educação e Qualidade do Ensino do Amazonas (Seduc) iniciou dois programas em meados de 2012: Programa Estratégico de Indução à Formação de Recursos Humanos em Engenharias no Amazonas (Pró-Engenharias) e Programa Estratégico de Indução à Formação de Recursos Humanos em Tecnologia da Informação (RH-TI).
Com investimentos da ordem de R$ 1,6 milhão (R$ 800 mil para cada programa), eles consistem em estimular estudantes da rede pública de ensino, a partir do segundo ano do Ensino Médio, a seguirem carreiras acadêmica e profissional, respectivamente, nas Engenharias e na área de Tecnologia da Informação, por meio de atividades orientadas em escola da rede pública estadual de ensino sediada na cidade de Manaus.
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Fonte: Valor Econômico e Ciência em Pauta