Escritores amazonenses participam da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia no Amazonas
21/10/11 – A poesia e a literatura também tem espaço na 8ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) no Amazonas, através da atividade “Conversa com o Escritor”. O evento acontece até sábado (22/10), no Café Científico da Estação Ciência, localizada no Clube do Trabalhador do Sesi (Bairro: Coroado), sempre com a presença de escritores amazonenses. O primeiro encontro, que contou com a participação dos poetas Tenório Teles e Elson Farias, aconteceu nesta quinta-feira (20/10), quando os autores puderam compartilhar com o público suas visões sobre a relação Ciência & Arte.
O poeta Elson Farias iniciou sua fala resgatando o conhecimento empírico acumulado pelas gerações ao longo da história. Segundo o autor, a ciência está presente no dia a dia do caboclo, que através da observação da natureza consegue fazer previsões sobre o tempo e até preparar remédios para diferentes males. “Certa vez escrevi um soneto sobre pássaros meteorologistas, entre eles o Acauã”, comentou. “Os antigos dizem que quando o Acauã, um pássaro que habita as regiões banhadas por rios de águas barrentas, canta na copa das árvores mais altas é sinal de que o inverno será intenso, e quando canta no chão está ‘dizendo’ que a seca será intensa”, explicou.
Tenório Telles relatou a importância da arte no processo do conhecimento. Ele destacou que alguns cientistas, sobretudo do século XX, tinham uma visão pragmática da ciência. “Muitos cientistas acreditavam que a ciência constituía um fim em si mesma e que o cientista deveria ser técnico, objetivo, racional, sem relação com o mundo da arte”, disse. Para o autor isso é um grande equívoco, por que esta visão fez com que os cientistas tivessem um olhar muito racionalista e instrumentalizado do saber e do conhecimento, resultando na ausência de uma cultura humanística.
Segundo Tenório atualmente se discute a necessidade de uma nova ciência que esteja a serviço do ser humano e da vida. “O cientista faz parte da sociedade, então ele tem que ter a preocupação de colocar o seu saber a serviço do bem”, avaliou, ressaltando que nesse contexto a beleza, a poesia e a ciência podem ajudar a conferir mais sensibilidade ao ser humano. “Quando você adquire conhecimento passa a olhar a vida de maneira diferente”.
O autor finalizou sua fala relembrando a sabedoria dos antigos filósofos gregos. Para Tenório, o conhecimento não é importante somente porque permite o avanço da ciência e da tecnologia, mas porque permite ao ser humano viver uma experiência de autoconhecimento. “Há mais de 2 mil anos Sócrates dizia: Conhece-te a ti mesmo. É preciso permitir aos estudantes essa experiência, que pode vir através da poesia, da história, da filosofia e da arte”, enfim, do conhecimento.
A “Conversa com o escritor” segue nesta sexta-feira (21/10), no Café Científico, com a participação do escritor e jornalista Wilson Nogueira. O evento é coordenado pela Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia do Amazonas (SECTAM).
CIÊNCIA EM PAUTA/SECTAM, por Sílvia Leila Alves