Especialistas fazem mapeamento de túneis subterrâneos da Roma Antiga
Equipados com medidores de distância a laser, GPS e robôs por controle remoto, um grupo de espeleólogos (especialistas em cavernas) está concluindo o primeiro mapeamento dos aquedutos da Roma Antiga, que consideram ser a “última fronteira” da arqueologia.
Amarrados a cordas, eles desceram por poços de acesso e escalaram fendas para acessar os 11 aquedutos que abasteciam Roma, um labirinto que ainda corre por centenas de quilômetros no subsolo e ao longo de viadutos impressionantes.
A missão destes especialistas é atualizar o mais recente mapa superficial da rede, compilado no começo do século 20 pelo arqueólogo britânico Thomas Ashby.
Marcas de picareta dos escavadores romanos ainda podem ser vistas no calcário do túnel concluído em 38 d.C, sob o domínio do imperador Cláudio e uma camada de calcificação a cerca de um metro do chão mostra aonde o nível da água pode ter chegado. “Estes aquedutos podem não ser tão bonitos quanto uma estátua ou algumas obras de arquitetura, mas creio que são muito importantes, são muito belos”, afirmou um dos especialistas.
Os antigos canais eram verdadeiras proezas de engenharia, dependendo unicamente da gravidade para assegurar o fluxo d’água, e podem ser vistos por todo o antigo Império Romano, que se estendeu da Alemanha ao norte da África.
A FRONTEIRA FINAL
Sua importância estratégica é reforçada pelo fato de que Roma tinha um magistrado especial para supervisionar sua manutenção e que os visigodos os interromperam quando montaram o cerco à cidade. O Acqua Claudia se estende por 87 quilômetros, das Montanhas Simbruini ao coração de Roma, e fornecia 2.200 litros d’água por segundo.
Apenas um dos aquedutos ainda funciona – o Acqua Vergine – e pode ser acessado em vários locais escondidos perto de Roma, incluindo uma entrada perto da Vila Médici, que leva a uma escadaria em espiral até o nível da água. Ele tem um total de 20 quilômetros de extensão e termina na Fontana de Trevi, fotografada todos os dias por multidões de turistas.
O estudo dos aquedutos se baseia em um mapa feito por Ashby, que foi diretor da Escola Britânica de arqueologia em Roma, entre 1906 e 1925. A assinatura de Ashby pode ser vista na parede de um setor do aqueduto Acqua Marcia, que também passa por Vicovaro, ao lado de grafites e poemas do século XVII, deixados por visitantes que caminharam pelos antigos canais.
Fonte: AFP