Estudo abordará fenômenos hidrológicos da Bacia Amazônica

Entender um dos principais fenômenos hidrológicos da Bacia Amazônica, a variabilidade das cheias, é um dos objetivos de pesquisadores amazonenses e franceses do Institut de Recherche pour le Développement (IRD) e do Observatoire de Recherche en Environement – Contrôles géodynamique, hydrologique et biogéochimique de l’érosion/altération et des transferts de matière dans le bassin de l’Amazone (ORE HYBAM) na busca de ferramentas para melhorar a compreensão dos regimes hidrológicos na bacia Amazônica.

 

Intitulada  “Aplicações da altimetria espacial para caracterização de cheias na bacia Amazônica – Altiche-Am”,  a pesquisa é coordenada pela doutora em Hidrologia Espacial Joecila Santos da Silva, pesquisadora vinculada ao Programa de Desenvolvimento Científico Regional (DCR), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).

 

A partir do estudo, os pesquisadores pretendem desenvolver ferramentas para melhorar a compreensão dos regimes hidrológicos na bacia Amazônica, uma tarefa fundamental para a exploração racional e sustentada desse recurso na região.

 

Segundo a coordenadora, o estudo já apontou que, além de extensos, os rios amazônicos apresentam escoamentos extremamente complexos, exigindo conhecimentos e estudos diferenciados de suas sazonalidades. “Apesar do fenômeno da cheia e as estiagens já serem conhecidos, com períodos programados todos os anos, os regimes de escoamento das diversas sub-bacias hidrográficas exigem um trabalho permanente de coleta e interpretação de dados, que é justamente o que estamos fazendo”, explicou  Silva.

 

Importância

 

A coordenadora destacou ainda que a utilização de dados e informações provenientes da altimetria espacial, inserida na área temática de hidrologia espacial, permite uma visualização da superfície em escala continental, sobretudo nas regiões de difícil acesso, sendo a única fonte com potencial para alcançar a medição destas áreas de forma homogênea e contínua.

 

Outro destaque apontado pelo estudo sugere que os dados altimétricos podem medir os níveis da água em regiões espacialmente complexas como as zonas úmidas que são excepcionalmente vastas na região Amazônica. “Embora as estações virtuais só possam ser estabelecidas por meio de satélites com amostragens temporais definidas pelas missões altimétricas, esse inconveniente é compensado pela capacidade de fornecer amostragem espacial bem mais densa que a rede de estações hidrológicas tradicionais”, destacou.

 

As informações e resultados do projeto vão permitir a criação de uma base de dados concreta para auxiliar nas ações públicas e privadas sobre o uso e conservação dos sistemas hídricos amazônicos, como por exemplo, a minimização dos impactos dos fenômenos naturais extremos como as grandes cheias e estiagens prolongadas que afetam dezenas de cidades espalhadas pela Amazônia.

 

Para destacar a relevância do projeto numa escala maior, Silva enfatizou ainda que os avanços da altimetria espacial nos últimos anos têm gerado uma enorme expectativa no âmbito do monitoramento hidrológico e na aquisição de dados básicos, estimulados na esperança de conseguir informações de regiões remotas, com uma frequência temporal adequada e a um custo inferior ao das redes de monitoramento tradicionais.

 

Nesse contexto, o projeto vai contribuir para consolidar  a aplicação da altimetria espacial como ferramenta de auxílio ao monitoramento e aquisição de dados hidrológicos não somente na região Amazônica, mas também em outros países sul-americanos, por tratar-se de uma bacia transfronteiriça.

 

Apoio da FAPEAM

 

O projeto conta com o incentivo financeiro no valor de R$ 200 mil do Programa de Desenvolvimento Científico Regional (DCR) viabilizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e  Tecnológico (CNPq).

 

Com este apoio, o projeto também pretende promover a participação e a consolidação da comunidade científica local para conduzir trabalhos de interesse regional e mobilizar a transferência e disseminação do conhecimento científico produzido, bem como fortalecer o intercâmbio de pesquisas e a troca de conhecimentos entre os pesquisadores  franceses com os pesquisadores das instituições envolvidas  no Estado do Amazonas.

 

Sobre o DCR

 

O Programa de Desenvolvimento Científico Regional (DCR/Fapeam) consiste em apoiar, com bolsas, passagens e auxílio-pesquisa, doutores com experiência em ciência, tecnologia e inovação, titulados em outros estados ou no Amazonas, interessados em desenvolver pesquisas em instituições localizadas no Estado do Amazonas, com objetivo de fixá-los na região.

 

Foto 2 – pesquisadora em Óbidos/PA (Divulgação)

Foto 3 – Rio Negro, próximo à praia do Tupé, durante a vazante (Ricardo Oliveira)

 

Fonte: Agência FAPEAM, por Dalva Berquet (redação) e Ulysses Varela (edição)