Estudo analisa relação entre saberes tracionais e científicos em sala de aula

O projeto de pesquisa propõe estratégias didáticas no campo da educação indígena. Foto: Divulgação

O conhecimento sobre o meio em que se vive é fundamental para a construção da cultura de um povo. Nesse contexto, as relações entre os saberes tradicionais e os científicos se complementam na construção da formação cultural da sociedade.

Na busca por um diálogo entre o saber tradicional dos indígenas da etnia Ticuna (ou Tikuna) e o conhecimento científico de Química, a doutoranda em Educação para a Ciência pela Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho (Unesp), Ercila Pinto Monteiro, está desenvolvendo um projeto de pesquisa no qual propõe estratégias didáticas no campo da educação indígena. O projeto relaciona os saberes científicos com os tradicionais durante as aulas de Química de escolas indígenas na região do Alto Solimões, no Amazonas.

“O ensino que o professor propõe em sala de aula é o tradicional, que o indígena combateu por muito tempo. Em contrapartida, os indígenas também buscaram a interculturalidade e, por isso, meu objetivo é compreender a relação entre os saberes tradicionais, próprios da etnia Ticuna, com os ensinos de Química ministrados por professos indígenas nas escolas desta região”, disse.

Intitulado ‘Desenvolvimento de estratégias didáticas etnocientíficas para o ensino da Química nas escolas indígenas Ticuna do Alto Solimões’, o estudo está sendo desenvolvido desde março deste ano. O projeto de pesquisa conta com aporte financeiro do Governo do Estado, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados do Estado do Amazonas (RH-Doutorado/Fluxo Contínuo).

DIALÓGO CIENTÍFICO

De acordo com a pesquisadora, é necessário o diálogo entre os conhecimentos tradicionais e científicos para que os indígenas compreendam que também praticam a Química.

Monteiro informou que pretende ir a sete escolas indígenas situadas na região do Alto Solimões e que, para isso, já solicitou autorização da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e da Fundação Nacional do Índio (Funai) para ter acesso às áreas indígenas.

Segundo a pesquisadora, ao final do estudo, além de estabelecer o diálogo entre a cultura indígena e o conhecimento científico, serão mapeadas as práticas pedagógicas utilizadas pelos professores indígenas Ticuna da área de Química, cuja tentativa é buscar melhorias para o ensino da disciplina no território indígena.

SOBRE O RH DOUTORADO

Por meio do Programa, o Governo do Estado via Fapeam concede bolsas de doutorado a profissionais interessados em realizar curso de pós-graduação stricto sensu em programa de pós-graduação recomendado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em outros Estados ou no Amazonas, desde que o programa não tenha sido atendido pelo Programa de Apoio à Pós-Graduação Stricto Sensu (Posgrad). 

Fonte: Agência Fapeam, por Camila Carvalho