Estudo avalia formação de erosões em Manaus

Hoje (29/05), celebra-se o dia do Geógrafo, profissional que estuda sobre os espaços físicos ocupados pelo homem e como essa interação contribui para mudanças no meio ambiente. No Amazonas, geógrafos da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) desenvolvem um estudo sobre as implicações geradas pelos desmoronamentos resultantes de erosões causadas pela água da chuva ou pelo escoamento superficial no interior do solo (conhecidas como voçorocas).  De acordo com a pesquisa, as incisões podem alcançar grandes profundidades em Manaus, com mais de 20 metros.

Segundo o doutor em geografia, Antonio Fábio Sabbá Guimarães Vieira, o processo é estudado desde 1995.  Ele explicou que as implicações das incisões erosivas causadas pelas voçorocas são muito amplas e vão desde problemas sociais – como desmoronamentos de ruas e moradias, perda da rede elétrica e de água encanada – a problemas de ordem ambiental, como perdas de áreas, assoreamento de canais, morte de espécies vegetais, utilização da voçoroca como área de despejo de lixo e outros.

De 2009 a 2012, Vieira, em parceria com outros pesquisadores da Ufam, desenvolveu um projeto de pesquisa que visava caracterizar a ocorrência de voçorocas em Manaus. O projeto intitulado ‘Os processos de erosão acelerada (voçorocas) e a relação com as juntas e falhas geológicas em Manaus (AM)’ objetivou caracterizar a ocorrência de voçorocas na capital amazonense, destacando a relação entre os lineamentos estruturais e a orientação dessas incisões.

O estudo contou com incentivos do Governo do Amazonas, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa de Infraestrutura para Jovens Pesquisadores, Programa Primeiros Projetos.

De acordo com a pesquisa, há 48 voçorocas ativas em Manaus. Desse total, seis encontram-se entulhadas com lixo e outros materiais. Uma foi reativada, três apresentaram rupturas (processo geológico conhecido como falhamento) e 38 estão apenas ativas, sem presença de falhas.

“Conseguimos verificar que a intervenção antrópica (do homem), através do arruamento e má drenagem, também influenciam no crescimento das incisões. Portanto, a interação de fatores físicos, naturais e antrópicos é a principal responsável pelo surgimento de voçorocas em Manaus, cabendo à ocorrência de falhas um ponto de fraqueza para o desenvolvimento das mesmas”, concluiu Vieira.

As informações levantadas serão disponibilizadas para a fomentação de análises mais profundas sobre a utilização, minimização e recuperação da áreas afetadas por voçorocas em Manaus, por meio da produção de CD informativo.

Para Vieira, o papel do Geógrafo nesse tipo de estudo é de fundamental importância para a comunidade científica e sociedade em geral. “Porque a pesquisa busca sempre estudar de forma associada aspectos humanos e aspectos físicos naturais, dando assim uma visão mais ampla e, consequentemente, uma resposta também mais abrangente para a sociedade e poder público”, finalizou.

Fonte: Fapeam