Estudo avalia índice de infecções por hepatites no interior do Amazonas
18/11/2011 – Pesquisas apontam que os índices de prevalência das hepatites B (VHB) e Delta (VHD) no Estado do Amazonas são considerados altos e os municípios localizados na calha do Purus representam o maior percentual endêmico dessas doenças. Como forma de estimar a prevalência da infecção por hepatite nos habitantes do município de Lábrea, distante 1.672 quilômetros de Manaus, o médico pesquisador da Fundação de Medicina Tropical (FMT/AM), Wornei Silva Miranda Braga, coordena a pesquisa ‘Hepatite de Lábrea: estudo clínico, epidemiológico e virológico – proposta de implantação de vigilância e tratamento de portadores dos vírus das hepatites B e Delta’.
A pesquisa conta com recursos do Programa de Pesquisa para o SUS: gestão compartilhada em Saúde (PPSUS), uma das ações do Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e parceiros como o Ministério da Saúde e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entre outros.
Resultados
Os primeiros resultados da pesquisa foram apresentados durante o seminário de avaliação do PPSUS – Edital 2009, realizado na Universidade Paulista (Unip). Os dados parciais do estudo apontam que mesmo após a introdução da vacina contra a hepatite B na região, a taxa de infecções representa 49,9% de portadores da doença. “Estimamos que a transmissão ocorra principalmente entre crianças com idade entre 6 e 12 anos, em jovens que estão iniciando a vida sexual, profissionais do sexo e policiais”, salientou.
Segundo o pesquisador a infecção por hepatite B é considerada como uma das viroses mais importantes do gênero humano. “O maior percentual dessas infecções está relacionado ao tipo B”, informou. Até o momento 2.600 amostras foram coletadas. “Ainda não conseguimos analisar todas as amostras, mas estamos dentro do prazo estipulado”, garantiu.
Em relação ao tipo Delta, o percentual foi de 30% dos indivíduos, sendo associado ao histórico de hepatite aguda e a indivíduos portadores do VHB com sinais de lesão hepática. O que representa, segundo o pesquisador, uma associação desses agentes nas causas dessas doenças na população.
Ações
Miranda acredita que através desse estudo será possível identificar como é a dinâmica de transmissão e a partir daí propor medidas preventivas e de controle. “As hepatites virais na região merecem atenção, principalmente sob os aspectos epidemiológicos, os impactos que causam e as dificuldades referentes ao monitoramento dessas doenças, pois cerca de 7,5% dos óbitos na região estão relacionados com alguma forma de infecção por um dos vírus das hepatites”, explicou.
Para a pesquisadora da Universidade de São Paulo, Elucir Gir, os resultados parciais do estudo trazem informações importantes. “Esses resultados são importantes e esclarecedores, esse projeto é amplo e vai contribuir de forma significativa para o melhor entendimento da situação e da realidade dessa região”, frisou.
Sobre as Hepatites
*HEPATITE B
A Hepatite B é uma das mais graves formas de hepatites, por sua capacidade de produzir complicações dentro do curso clínico da doença (hepatite fulminante, cirrose hepática ou câncer de fígado). A Hepatite B é considerada uma infecção endêmica em muitas regiões do planeta. Estimativas acusam que existam, aproximadamente, 300 milhões de portadores do vírus em todo o mundo. Na Amazônia Ocidental (Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima) encontram-se uma das maiores prevalências de infecção por este agente. As calhas dos rios Juruá, Purus e Madeira, no Estado do Amazonas, são endêmicas. Estima-se que em todo o Estado, existam 250.000 pessoas portadoras deste vírus. A melhor maneira de prevenir-se contra o vírus da Hepatite B, é vacinar-se em postos de saúde municipais e estaduais.
*HEPATITE D
O vírus da Hepatite D (VHD) é considerado um subsatélite do vírus da Hepatite B (VHB). Por essa razão, ele só infecta pessoas portadoras assintomáticas ou sintomáticas do VHB. Dos vírus das hepatites, o VHD é o mais agressivo sendo responsável pelas formas graves, tais como: hepatite fulminante, evolução precoce para cirrose hepática e câncer de fígado, ocorrendo em 98% dos casos. No Amazonas ele é considerado um vírus endêmico, principalmente, nos rios Solimões (médio), Purus, Juruá e Madeira. Ele apresenta os mesmos mecanismos de transmissão do VHB. A melhor maneira de prevenir-se contra este vírus é vacinando-se nos postos de saúde municipais e estaduais ou na FMT.
Sobre o PPSUS
Esse programa consiste em apoiar atividades de pesquisa que visem à promoção do desenvolvimento científico, tecnológico ou de inovação da área de saúde, em temas prioritários para o Sistema Único de Saúde do Estado do Amazonas.
*Informações da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas
Fonte: Agência FAPEAM, por Rosilene Corrêa