Estudo coloca Manaus como a 6ª capital brasileira no ranking da obesidade
Com 20% da população acima de 18 anos de idade com Índice de Massa Corporal (IMC) de 30 a acima de 40, Manaus é a sexta capital do País com o maior número de obesos. Ainda segundo pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde (MS) na terça-feira (27), 52% da população nesta faixa etária corre o risco de engrossar as estatísticas nos próximos anos, por já apresentarem sobrepeso.
Considerando a população de 1.478.000 milhão habitantes acima de 18 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), Manaus conta atualmente com 295 mil (20%) obesos e 768.560 (52%) pessoas acima do peso.
Acompanhando o cenário nacional, em que mais de 50% dos obesos são do sexo feminino, em Manaus elas são as que apresentam o maior percentual de obesidade, 20%, contra 19,1% dos homens.
Ocupando a 11ª posição no ranking nacional das capitais com mais adultos acima do peso, Manaus tem ainda 52% da população como vítimas em potencial da obesidade nos próximos anos, caso não adotem novos hábitos alimentares.
Diferente do que se observa entre os entrevistados já classificados como obesos, os homens, com 52,6% apresentam a taxa mais significativa de sobrepeso, frente a 51,5% femininos.
CRESCIMENTO
Fazendo o comparativo nos últimos cinco anos, o número de manauaras com obesidade cresceu cinco pontos percentuais, saltando de 45% em 2009 para 52% neste ano. No mesmo período, o de pessoas acima do peso aumentou sete pontos percentuais, partindo de 15% para 20%. Com uma média de evolução anual de 2%, a estimativa é de que nos próximos dez anos, alcance os 38%.
O estudo aponta ainda que, no Brasil, 51% da população adulta está acima do peso e 17,4% obesa. Os entrevistados com até oito anos de escolaridade representam 57,3% dos que apresentam sobrepeso. Já os com 12 anos ou mais de estudo, 48,4% estão nesta situação, seguidos pelos com nove a 11 anos de estudo, com 46,7%.
No campo da obesidade, o nível de escolaridade de até oito anos de escolaridade encabeça a lista com mais representantes, 21,7%, seguido pelos que frequentaram de nove a 11 anos a escola (15,2%) e os com 12 anos ou mais de estudo (14,4%).
Levando em consideração a faixa etária, os entrevistados de 55 a 64 anos com 23,4% de representatividade são os que mais integram o quadro de obesos, estando em segundo na lista os na faixa de idade de 45 a 54 anos (22,6%). Os jovens de 18 a 24 anos são os que menos apresentam obesidade, com 7,5%.
No Brasil, entre os anos de 2006 a 2012, a obesidade evoluiu 5,5 pontos percentuais, com 11,6% em 2006; 12,8% em 2007; 13,4% em 2008; 13,8% em 2009; 14,9% em 2010; 15,8% em 2011 e 17,1% em 2012.
No comparativo com países como Uruguai (19,9%), Argentina (20,5%), Paraguai (22,8%), Chile (25,1%) e Estados Unidos da América (27,7%), o Brasil com 17,1% é o que apresenta a menor taxa de obesidade.
Realizada em 26 capitais e no Distrito Federal, a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), entrevistou 45 mil cidadãos no último mês.
HÁBITOS
Levando em consideração os hábitos alimentares de exercícios físicos dos entrevistados versus o nível de escolaridade, a Vigitel aponta que o consumo de frutas e hortaliças é maior entre as pessoas com 12 anos ou mais de estudo (45%), contra as que têm de nove a 11 de instrução (31,2%) e até oito anos de estudo (34%).
O consumo destes alimentos para os entevistados com até oito anos de escolaridade é de 18,6%, assim como de 21,2% para os que frequentaram de nove a 11 anos a escola e 31,4% os que estudaram 12 anos ou mais.
Já quando se trata à ingestão de carnes com excesso de gordura, os entrevistados com nível de instrução mediano ocupam a primeira posição com mais consumo,33,2%, seguidos pelos que têm a menor instrução (32,4%) e os com mais oportunidades intelectuais (27,5%).
Alimentos como leite com teor integral de gordura e feijão são os mais consumidos pelos brasileiros, independente do grau de instrução, com os índices variando de 58,3% a 47,3% e 72,4% a 58,4%, respectivamente.
A população de nove a 11 anos de estudo é a que mais bebe leite integral no país, seguida pelos com até oito anos de aprendizagem (53,5%) e os com 12 anos ou mais de ‘sala de aula’.
Entre os adeptos do feijão destacam-se os com menor acesso a escola (72,4%), os com escolaridade mediana (68,7%) e os mais estudiosos (58,4%).
Observando os hábitos esportivos dos entrevistados, a pesquisa aponta que 33,5% da população são ativos no tempo livre. Os homens estão entre os mais ativos (41,5%) e as mulheres menos (26,5%). Dos brasileiros, 14,2% são ativos no deslocamento, sendo 14,5% mulheres e apenas 13,8% homens.
O nível de inatividade física, no país é de 14,9%, sendo os homens os mais inativos (15,2%). Das mulheres, 14,6% são inativas fisicamente. Dos 45 mil entrevistados, 26,4% assistem televisão três horas por dia.
Os jovens de 18 a 24 anos com 47,6% de representatividade são os mais ativos no tempo livre.
Para a doutora em Nutrição Myrian Abecassis Faber, a prática de exercícios físicos e o consumo dos alimentos em pequenas quantidades, com exceção dos salgadinhos e frituras que devem ser evitados, são as duas medidas emergenciais para reduzir a obesidade e o sobrepeso em Manaus. “Não vemos mais crianças, jovens e adultos caminhando. A atividade física foi suprimida pelo uso do transporte coletivo e individual”, afirmou.
Alimentos típicos e calóricos do cardápio manauara como a farinha, o tucumã, a tapioca e o buriti também devem ser consumidos com cautela e em pequenas porções para que a manutenção das raízes caboclas não representem uma ameaça à saúde.
“O consumo de uma alimentação balanceada durante a semana e o exagero aos finais de semana não faz parte da minha concepção de alimentação equilibrada. O açaí, assim como os demais alimentos podem ser consumidos, mas não precisa tomar um litro, por exemplo”, disse.
Uma tigela pequena de açaí ou buriti, no máximo duas vezes por semana e a alimentação em pequenas frações a cada três horas também compõem a lista de dicas para garantir a saciedade.
Segundo a nutricionista, a conscientização das crianças no ambiente escolar e a consequente redução de peso pode ser fomentada através da oferta única e exclusiva de alimentos de baixa caloria nas cantinas das escolas, como já ocorre no Rio de Janeiro e no Paraná.
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Fonte: D24am