Estudo contesta explicação sobre formação de memória de longo prazo
Um estudo publicado nesta quarta-feira (2) na revista Nature sugere que o modelo amplamente aceito pelos cientistas para explicar como se forma a memória de longo prazo está errado.
Segundo a explicação prevalente até agora, esse tipo de memória dependeria de uma única enzima no cérebro, chamada PKM-zeta.
Mas a nova pesquisa, realizada pela Universidade Johns Hopkins, nos EUA, descobriu que ratos que não possuem essa enzima continuam aptos a formar memórias de longo prazo.
A enzima PKM-zeta foi descoberta pela equipe do cientista Todd Sacktor, do Suny Downstate Medical Center, em Nova York. Em 2006, o grupo de Sacktor criou uma molécula que parecia bloquear a ação da PKM-zeta. Essa molécula, chamada ZIP, foi capaz de apagar memórias de longo prazo em ratos, o que despertou uma discussão mundial sobre as implicações sociais e éticas do tema.
RESULTADO NÃO ESPERADO
No novo estudo da Johns Hopkins, os pesquisadores criaram ratos sem a enzima PKM-zeta. O objetivo era comparar as sinapses dos ratos modificados com as de ratos normais e encontrar pistas sobre como a enzima atua exatamente.
Mas, segundo Lenora Volk, uma das cientistas da equipe, o resultado não foi o esperado. “Achamos que a capacidade de fortalecimento das sinapses desses ratos ficaria prejudicada, mas não ficou”, diz.
Isso significa, de acordo com os pesquisadores, que a enzima PKM-zeta não é a molécula chave para a memória de longo prazo, como estudos anteriores sugeriram, apesar de que é possível que ela tenha algum papel na memória.
Volk diz que não se sabe onde a molécula ZIP, que apaga as memórias, está atuando exatamente. “Encontrar qual é o seu alvo será muito importante, porque aí poderemos começar a entender, no nível molecular, como as sinapses são fortalecidas e como as memórias se formam em resposta a estímulos”.
TIPOS DE MEMÓRIA
A memória humana é capaz de realizar uma rica variedade de operações. De um lado, a memória humana nos permite a identificar e classificar sons, sinais, cheiros, gostos e sensações. De outro lado, ela é capaz de reter e manipular informações que adquirmos durante nossa vida.
A memória consiste em um conjunto de procedimentos que permite manipular e compreender o mundo, levando em conta o contexto atual e as experiências individuais. Estes procedimentos envolvem mecanismos de codificação, retenção e recuperação.
Sabe-se que a memória humana possui suas limitações, isto é, o indivíduo é apenas capaz de memorizar um número limitado de informações.
Existem, pelo menos, três diferentes processos que podem ser identificados na memória humada responsavéis pela realização de suas operações:
O primeiro processo, e de primordial importancia, é o processo de Reconhecimento de Padrões. Este processo acontece na Memória Sensorial- Motora e envolve associação de significando a um padrão sensorial. A Memória Sensorial é um sistema de memória que através da percepção da realidade pelos sentidos retém por alguns segundos a imagem detalhada da informacao sensorial recebida por algum dos orgãos de sentido. A Memória Sensorial é responsavel pelo processamento inicial da informação sensorial e sua codificação.
O segundo processo acontece na chamada Memória de Curto Prazo. Ela recebe as informações já codificadas pelos mecanismos de reconhecimento de padrões da Memória Sensorial-Motora e retém estas informações por alguns segundos, talvez alguns minutos, para que estas sejam utilizadas, descartadas ou mesmo organizadas para serem armazenadas.
O terceiro processo acontece na Memória de Longo Prazo, que recebe as informações da Memória de Curto Prazo e as armazena. A Memórioa de Longo Prazo possui capacidade ilimitada de armazenamento e , as informações ficam nela armazenadas por tempo tambem ilimitado.
Fonte: G1 e Unicamp