Estudo desmente ideia de que mulher fala mais que homem
Apesar de se acreditar o contrário, uma meta-análise conduzida por pesquisadores da Universidade da Califórnia em 2007 descobriu que os homens na verdade falam mais que as mulheres, mas a diferença era muito pequena.
Outro estudo realizado no mesmo ano por uma equipe que inclui o renomado psicólogo social, James W. Pennebaker, não encontrou nenhuma diferença significativa de quantidade entre os homens e as mulheres. Por outro lado, alguns trabalhos de pesquisa mais antigos relatam as mulheres falando mais. Em suma, os resultados até agora têm sido contraditórios.
Nesta semana foi publicado um estudo que pode explicar por que o júri acadêmico foi confuso com essa questão durante tanto tempo. Se os homens ou as mulheres falam mais, a pesquisa mostrou que parece depender totalmente do contexto em que você os observa.
Um “sociômetro” – um dispositivo que se pode vestir, aproximadamente do tamanho de um smartphone – foi desenvolvido por David Lazer, professor da Universidade Northeastern, em Boston. O aparelho lhe permitiu coletar dados em tempo real sobre as interações sociais de seus objetos. A maioria das pesquisas anteriores fez uso de seu próprio relato para mensurar, ou de observações diretas realizadas pelos pesquisadores. Ambos métodos têm desvantagens significativas em comparação com o sociômetro, que torna possível estudar um grande número de interações, criando uma imagem precisa e complexa de como as pessoas se comunicam.
Após colocar o dispositivo de medição em 79 alunos e em 54 funcionários de call-center, os pesquisadores analisaram os dados recolhidos em dois ambientes: em um trabalho universitário colaborativo com a duração de 12 horas, e uma situação de trabalho em que os funcionários foram acompanhados durante 12 intervalos de almoço de uma hora.
O resultado-base do experimento foi que a quantidade de fala de homens versus de mulheres dependia do tamanho do grupo. Em grupos de seis pessoas ou mais, os homens falaram mais, enquanto as mulheres falavam mais quando estavam com apenas uma ou duas outras pessoas. No geral, descobriu-se que as mulheres falam 62% a mais do que os homens quando se trabalha com a tarefa de colaboração, já que a maioria das interações nesse contexto ocorreu entre apenas algumas pessoas de cada vez. Essas diferenças de gênero desapareceram quando Lazer e sua equipe analisaram os dados dos intervalos de almoço no call center: Não foram encontradas diferenças significativas entre homens e mulheres.
“Em um cenário que é mais colaborativo, vemos as mulheres optando por trabalhar em conjunto, e quando você trabalha junto, você tende a falar mais”, diz Lazer.
Mesmo com estudos que garantam que não há diferenças, esse mito de que a mulher “fala pelos cotovelos” é levado adiante. Uma possível explicação pode estar no fato de que as habilidades de linguagem das meninas são desenvolvidas mais cedo, e, assim, ficam mais articuladas em uma idade mais jovem. No entanto, estudos de crianças também não encontraram diferenças significativas de gênero em quantidade de palavras faladas.
Fonte: O Globo