EVENTOS – Índios na cidade de Manaus
Vindos de vários municípios do Amazonas e de outros estados, a população indígena na cidade de Manaus vive nos bairros da periferia, em lugares onde não há saneamento básico, postos de saúde, escolas, segurança e outros serviços básicos.
Para sobreviver, muitas famílias produzem e comercializam artesanato, os homens fazem pequenos trabalhos – os “bicos”- e as mulheres são empregadas domésticas. Em situações extremas, promovem ocupações de terras para chamar a atenção do poder público, mas confrontam ainda mais preconceito e violência.
Para conhecer melhor essa realidade e possibilizar a construção de propostas de políticas públicas, o Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia (PNCSA), do Centro de Estudos do Trópico Úmido da Universidade do Estado do Amazonas (Cestu/UEA) vai reunir pesquisadores, agentes públicos e movimentos sociais para discutir os conflitos sociais enfrentados por índios na cidade de Manaus.
O debate “Índios na cidade – territolização, identidade estigmatização” ocorre no próximo dia 19, às 19h, no Centro Cultural Thiago de Melo, na Saraiva MegaStore, Manauara Shopping.
O pesquisador Glademir Sales dos Santos, mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), acredita que a discussão do tema é necessária, uma vez que o crescimento na quantidade de pessoas assumindo sua identidade indígena nas cidades tem sido apresentado como um problema pelos governos.
“O Estado vem com mal costume. Ele é produto de uma construção moderna, voltada para a proteção do indivíduo, não da coletividade. Por essa característica, o Estado se autodefine incompetente quando tenta lidar com problemas relacionados aos direitos coletivos e ambientais”, avalia Glademir Sales.
Coube sistematicamente aos povos indígenas mostrar aos órgãos governamentais, primeiramente, que há uma considerável população indígena na cidade e, segundo, que a Constituição Federal lhes garante um tratamento diferenciado que não está sendo praticado pelos governos, sobretudo municipal e estadual, como explica Glademir. “As formas de identificação da identidade indígena não está resolvidas, mas quando a reivindicação dessa identidade passa a ser uma estratégia, diz respeito à instrumentalização do recurso, o que completamente muda os sentidos”, explica.
Também participam do debate, a pesquisadora Altaci Rubim, do Programa de Formação Indígena (Proind) e a jornalista Elaíze Farias, especializada em Etnodesenvolvimento pelo Departamento de Antropologia da Ufam e que, atualmente, atua como editora de Amazônia do portal A Crítica. O encontro será mediado pelo antropólogo Alfredo Wagner Berno de Almeida, coordenador do PNCSA.
Fonte: Nova Cartografia Social, via UEA