Exposição do Musa traz registros sobre a mitologia amazônica
Algumas réplicas e recriações de muiraquitãs, confeccionadas pelo artista plástico e colaborador do Musa, Roberto Suarez, estão disponíveis no Jardim Botânico Adolpho Ducke, Cidade de Deus, na zona leste de Manaus. A exposição ‘Sapos, peixes e musgos – a vida entre a terra e a água na Reserva Ducke’ é realizada até os primeiros meses de 2013.
Membrudas, fortes, com ‘suas vergonhas tapadas’, combatiam mais do que dez homens juntos e mostraram sua força frente aos invasores. Elas já foram comparadas às lendárias amazonas, pelo explorador espanhol Francisco Orellana, quando da sua passagem pela região amazônica, em 1542.
É o que relata Frei Gaspar de Carvajal, escrivão da viagem exploratória. Apesar de dar origem ao nome do Estado do Amazonas, essa história permaneceu nas névoas por séculos, mesmo com depoimentos registrados por viajantes e habitantes da região. Quem eram e como viveram essas combatentes guerreiras? Algumas pistas nos são apresentadas por naturalistas, etnólogos e demais pesquisadores da região amazônica, como João Barbosa Rodrigues, Curt Nimendaju e Ermano Stradelli.
Em edições datadas de 1889 e 1899, ‘Estudo da Origem Asiática da Civilização Amazônica’, e ‘O Muyrakytã e os ídolos simbólicos’, respectivamente, Barbosa Rodrigues faz referências à origem asiática dos muiraquitãs e cita o ciclo mitológico das icamiabas.
O arqueólogo Frederico Barata, em 1954, concluiu, com base em carta de Max Boudin, que o termo tupi seria pu´ir-a (w) ki-(i)ta ou mu’ ir-a (w)ki-(i)tã (pu’ ir ou mu’ ir = missangas, contas, enfeites, etc; a (w)ki= mexer, usar, tocar; ita= espécie de sapo ou rã. A grafia ‘muiraquitã’ já se encontra consagrada no novo Dicionário Aurélio, da língua portuguesa no Brasil.
Conhecido como “pedra verde”, “pedra das amazonas”, amuleto da boa sorte, o muiraquitã era confeccionado em formas variadas: cilíndricas, antropomórficas e zoomórficas, representando, geralmente, rãs, peixes e tartarugas. Os mais afamados e raros são encontrados nas cores verde (jade), mas podem ser encontrados nas cores azeitona, leitosa ou escura, dependendo do material empregado na sua confecção.
A grande maioria dos muiraquitãs encontrados tem sua localização na área do baixo Amazonas, especialmente as que envolvem os rios Nhamundá, Trombetas e Tapajós (Nhamundá, Oriximiná, Santarém, Alter do Chão, Belterra), mas sua existência também foi registrada em áreas do Caribe.
Fonte: Assessoria do Musa