Falta integração entre estudos climáticos e políticas de gestão

Com o aumento da emanação de gases de efeito estufa – que dobrou na última década -, mudanças climáticas de maior impacto são previstas nos próximos anos. Elas podem alterar desde a temperatura do planeta até aumentar o nível do mar. Por isso, representantes do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Greenpeace e parlamentares se reuniram na quarta-feira (04), na Câmara dos Deputados, para discutir as possibilidades de usar as pesquisas climáticas mais recentes como norteadores das políticas de gestão.

“O fundamental é integrar esse conhecimento sobre os eventos futuros de risco climático com os instrumentos de gestão territorial e de uso e ocupação de solo. Hoje há várias iniciativas em curso, mas elas ainda não fazem uso das melhores informações climáticas. Essa integração tem que ser melhorada”, afirmou a diretora do Departamento de Licenciamento e Avaliação Ambiental do MMA, Karen Cope.

Uma das iniciativas citadas por Cope foi o Plano Setorial de Mobilidade Urbana, apresentado pelo Governo Federal em 2012, que tem como uma das metas reduzir emissões de gases do transporte público e particular nos centros urbanos. “Hoje a equipe que trabalha com isso já prepara um componente de adaptação climática, de mitigação significativa dos gases”, ressaltou.

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) também foi citado como iniciativa, pois monitora diariamente 821 municípios e 17 bacias hidrográficas. “Contudo, é bastante preocupante a capacidade de gestão dos municípios sobre as questões adversas do clima. Hoje, nem 10% deles, ou órgãos de Defesa, tem condições de instituir o que já foi descoberto sobre as mudanças climáticas, o que demostra uma fragilidade e uma falta capacitativa de enxergar questões tão importantes”, apontou a diretora.

Outro dado apresentado por Cope foi que mais de 90% dos municípios brasileiros não possuem informações históricas sobre grandes eventos climáticos, o que é importante para elaborar estratégias de prevenção. “É preciso uma ação conjunta de fortalecimento dos instrumentos e da capacidade da gestão, em conjunto com o que está sendo divulgado de mais recentes sobre as mudanças climáticas, que já são dados de conhecimento do governo brasileiro”, concluiu.

O debate foi durante o “Seminário sobre Mudanças Climáticas e os Impactos nas Cidades”, onde ocorreu um ciclo de palestras na Câmara dos Deputados em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado no dia 5 de junho.

Fonte: Agência Gestão CT&I