Faltam profissionais para operar tecnologias geomáticas no Brasil
O surgimento de novas tecnologias geomáticas, ferramentas que integram todos os meios utilizados para a aquisição e gerenciamento de dados espaciais, nos últimos anos tem alterado os trabalhos realizados em áreas da cartografia e topografia. Mapeamentos digitais, sistemas de informações geográficos e sensoriamento remoto estão entre as principais inovações que o mercado já absorveu. Contudo, preparar profissionais que consigam trabalhar com tais tecnologias ainda é um dos maiores desafios no Brasil.
Segundo o professor da Escola de Engenharia da Universidade de São Paulo (USP), Irineu da Silva, a área enfrentará um problema grave, na medida em que há um déficit de especialistas do setor e as tecnologias cada vez mais estão sendo inseridas no País. “Apesar dessas inovações já estarem sendo colocadas em prática no Brasil, ainda é pouco, e de forma lenta. As vezes o profissional prefere fazer da forma mais difícil e dispendiosa, mas de uma forma que entenda, do que utilizar tecnologias que agilizariam muito seu trabalho”, afirmou Silva.
Um exemplo claro da falta de profissionais capacitados ocorreu no período da preparação para a Copa do Mundo, mais especificamente na reforma do estádio Maracanã, no Rio de Janeiro. De acordo com o professor, as medições realizadas no espaço poderia ser feitas por meio de sensores 3D, que permitiriam realizar este serviço de forma mais rápida e ágil, economizando recursos na obra. “Mas não havia técnicos que soubessem operar a tecnologia. No final, acabaram escolhendo pela opção mais demorada e cara”, lamentou.
Na avaliação de Irineu Silva, em menos de uma década, o mercado utilizará cada vez mais inovações na área do 3D para agilizar seus trabalhos, tanto na engenharia como no campo topográfico. “Com estas ferramentas pode-se modelar e trabalhar com mais facilidade. É necessário que os nossos futuros profissionais já venham capacitados desde a universidade, para deterem esse conhecimento e produzirem essa tecnologia. Ou quando forem comprar de um distribuidor, que possam distinguir qual é o melhor”, ressaltou.
O professor debateu o tema na sexta-feira (14/11) durante o 5º Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação (Simgeo), realizado em Recife (PE).
Fonte: Gestão CT&I