Fapeam aprova projetos com Fapesp e Departamento de Energia americano

Com isso o Amazonas chega ao nível de excelência da pesquisa, criando infraestrutura e aprimorando a formação de recursos humanos de alto nível. Foto: Reprodução

O Governo do Amazonas, por intermédio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), anunciou, na última terça-feira (19), a aprovação de três projetos de pesquisa colaborativa no âmbito da campanha científica Green Ocean Amazon (GOAmazon), iniciativa internacional que tem como objetivo entender melhor o papel do ecossistema amazônico na formação do clima regional e global.

Os três projetos aprovados no Amazonas terão financiamento da Fapeam, com investimento de cerca de R$ 6 milhões, e serão desenvolvidos em colaboração com pesquisadores de São Paulo, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pesquisadores americanos, apoiados pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE).

Ao todo, foram aprovados seis projetos colaborativos, sendo três de pesquisadores do Estado do Amazonas, a serem apoiados pela parceria Fapeam, Fapesp e DOE, e três pela parceria entre a Fapesp e o DOE. A partir da parceria entre as instituições no contexto da campanha científica GOAmazon, o Amazonas passa a se destacar como lócus de excelência em pesquisa sobre clima, modelagem climática e dinâmica da Floresta Amazônica.

Os projetos de pesquisa colaborativa terão um investimento total, por parte das três agências, de R$ 24 milhões e serão desenvolvidos no âmbito das temáticas Sistemas Atmosféricos, Ciências dos Ecossistemas Terrestres e Modelagem Climática Regional e Global.

Com duração de três anos, os projetos irão beneficiar diretamente pesquisadores de três instituições de ciência, tecnologia e inovação do Amazonas: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Para a diretora-técnica da Fapeam, Andrea Waichman, o resultado desta chamada foi surpreendente, pois, ao todo, foram submetidas nove propostas colaborativas de pesquisadores do Amazonas, das quais três foram aprovadas. Ela destaca ainda que a seleção por mérito, de um total de 29 propostas submetidas, foi um processo árduo, pois todas eram de excelente nível.

Com a execução dos seis projetos selecionados pelas três agências financiadoras, Waichman acredita que se possa avançar no processo de compreensão dos fenômenos climáticos na Amazônia. “Com a nossa participação na campanha científica GOAmazon, que é uma importante ação de cooperação nacional e internacional, estamos elevando o nível de excelência da pesquisa amazonense, criando infraestrutura e aprimorando a formação de recursos humanos de alto nível”.

Segundo os pesquisadores envolvidos na campanha científica GOAmazon, alguns modelos climáticos preveem que partes da floresta tropical da Amazônia podem se transformar em savanas, mas os impactos regionais dessa mudança não podem ser modelados com precisão com os dados existentes atualmente. Os três projetos de pesquisa financiados pela Fapeam anunciados nesta semana vão contribuir para se conhecer a extensão e os impactos das mudanças climáticas na Amazônia e em todo o mundo.

Os projetos de pesquisa colaborativa, a serem desenvolvidos em cooperação com pesquisadores do Estado de São Paulo e dos Estados Unidos, farão observações de campo em alta resolução durante a campanha científica GOAmazon, a ser realizada no Amazonas de janeiro de 2014 a dezembro de 2015, cujos dados estarão disponíveis para toda a comunidade científica.

PROJETOS APROVADOS NO AMAZONAS

O projeto de pesquisa colaborativa Modificações por poluição antropogênica da química natural atmosférica e microfísica de partículas da chuva tropical é coordenado pelo pesquisador Rodrigo Augusto Ferreira de Souza, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), em parceira com os pesquisadores Scot Martin, da Harvard University, e Henrique Barbosa, da Universidade de São Paulo (USP). Irá investigar o ciclo de vida secundário do aerossol orgânico em ambientes virgens e poluídos, comparando-os, bem como o impacto desses aerossóis na formação de nuvens e precipitação.

O projeto “Bridging” na superfície terrestre e concentrações de aerossóis que podem provocar chuvas convectivas é coordenado pelo pesquisador Antônio Ocimar Manzi, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em parceria com Marcelo Chamecki, da Pennsylvania State University, e Celso von Radow, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Tem como objetivo investigar a possível modificação da química natural atmosférica pela atual e futura poluição antropogênica, incluindo a forma como a poluição antropogênica afeta a formação de aerossóis orgânicos secundários e entender como a distribuição em das partículas de aerossóis afeta o clima local, utilizando modelagem microfísica e observações de satélite.

O projeto de pesquisa colaborativa Compreender a resposta do metabolismo fotossintético em florestas tropicais às variações climáticas sazonais é coordenado pelo pesquisador Marciel José Ferreira, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em parceria com Dennis Dye, do Southwest Geographic Science Center, e Luiz Eduardo Aragão, do Inpe. Pretende compreender os fatores que controlam a resposta da fotossíntese em florestas da Amazônia às variações sazonais do clima. Apesar dos esforços científicos para avançar na compreensão da fotossíntese nos últimos anos, os modelos de sistemas atuais da Terra e os dados de sensoriamento remoto não podem prever com precisão as respostas fotossintéticas em florestas tropicais. Esta resposta tem implicações significativas para a vulnerabilidade em longo prazo das florestas tropicais para a mudança climática.

Fonte: Agência Fapeam, por  Denison Silvan