Fundação Alfredo da Matta vai intensificar atividades no interior do Amazonas

18/07/12 – A Fundação Alfredo da Matta, que é referência no País para o Programa Nacional de Controle e Eliminação da Hanseníase e Outras Dermatoses e é credenciada como Centro Colaborador da Organização Mundial de Saúde/OPAS no Controle, Treinamento e Pesquisa em Hanseníase para as Américas, vai passar a adotar novas tecnologias. A instituição está implantando o Programa de Telessaúde e o Ambulatório Virtual de Dermatologia.

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A iniciativa vai permitir que os serviços de ensino, monitoramento e de orientação do atendimento em dermatologia clínica, hanseníase e doenças sexualmente transmissíveis cheguem aos municípios do interior do Amazonas com maior frequência e agilidade, otimizando recursos e tempo.

O projeto conta com a parceria da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), referência em Telessaúde no estado. A universidade está oferecendo apoio na utilização da ferramenta, capacitação de recursos humanos e a estrutura da tecnologia nos municípios.

De acordo com o diretor técnico da Fundação Alfredo da Matta, Luiz Cláudio Dias, o Telessaúde vem para intensificar o suporte técnico junto aos municípios do interior do Amazonas e pretende facilitar o contato para monitoramento dos programas, como o de hanseníase, por exemplo, em que a Fundação é responsável pela coordenação estadual. “Essa orientação, monitoramento dos programas e educação à distância já são realizados pela instituição, que recebe com frequência material com descrição de casos dermatológicos por carta, fax, telefone ou e-mail. No entanto, essa tecnologia vem para qualificar nossas ações”, afirma Dias.

Ele acredita que o projeto vai fortalecer a capilaridade da instituição. “Temos uma boa relação com as equipes de saúde dos municípios. São mais de 30 anos. Esperamos, com essa ferramenta, estreitar esse contato e facilitar esse acesso. Sabemos da questão do isolamento geográfico. Por isso, acreditamos que os profissionais do interior deverão responder melhor em relação aos seus compromissos com a população ao se sentirem apoiados e mais seguros em suas ações”, afirma o diretor técnico.

A instituição recebe uma grande demanda de pacientes do interior. Com esse recurso será possível, por exemplo, evitar que as pessoas se desloquem até a capital desnecessariamente. Para os que necessitarem de um procedimento na Fundação, serão disponibilizados diagnóstico, exames e consulta agendada, de maneira a facilitar o sucesso do tratamento e diminuir o tempo de permanência na cidade, aponta a chefe do Departamento de Controle de Doenças e Epidemiologia, Valderiza Pedroza.

“Na dermatologia, é frequente a necessidade de uma segunda opinião para fechar diagnóstico, visto que existe uma gama de doenças, sendo mais de duas mil dermatoses. O exame visual garante a capacidade de diagnóstico e cura na maioria dos casos. Nesse sentido, a Telessaúde vai nos permite visualizar, seja por imagem ou vídeo a situação do paciente”, afirma Pedroza.

Funcionamento

Com a implantação do programa Telessaúde e do Ambulatório Virtual de Dermatologia, a Fundação Alfredo da Matta vai poder realizar também os serviços de Tele Educação e Tele Consultoria, explica a chefe do Departamento de Controle de Doenças e Epidemiologia, Valderiza Pedroza. “Na Tele Educação será possível realizar capacitações de recursos humanos, conferências para profissionais de saúde e cursos para que os municípios tenham acesso mais rápido às qualificações em hanseníase, DTS e na área laboratorial. Já a Tele Consultoria consiste em auxiliar profissionais na área médica, de enfermagem e laboratorial, oferecendo apoio à distância”, diz Pedroza.

Os profissionais são cadastrados para acessar o Ambulatório Virtual por meio de um site na internet. Neste ambiente, um “prontuário virtual” pode ser preenchido e encaminhado ao regulador que, por sua vez, o encaminha para o especialista. Somente profissionais cadastrados terão acesso ao ambiente virtual e os casos clínicos podem ser visualizados apenas pelos profissionais envolvidos no atendimento do paciente, garantindo o sigilo.

Cada setor terá uma agenda de atividades que poderá incluir cursos, treinamentos, discussão de casos clínicos e consultas médicas envolvendo profissionais e instituições que fazem parte da Rede operacionalizada pela UEA. Com a implantação do projeto, a Rede vai interligar a Fundação Alfredo da Matta a 49 municípios que já têm a estrutura necessária para receber o serviço.

A chefe do Departamento de Controle de Doenças e Epidemiologia afirma que a Fundação já realizou alguns testes para a implantação do projeto. “Realizamos teleconferência junto à Lábrea, onde discutimos a situação epidemiológica operacional do município. A experiência foi muito interessante. Estávamos lá sem precisar estar fisicamente. A equipe de Lábrea aprovou a experiência, pois tiveram acesso fácil”, afirma.

A direção da Fundação Alfredo da Matta está em busca de recursos para melhorar equipamentos, instalações e realizar algumas capacitações mais específicas, afirma o diretor técnico, Luiz Cláudio Dias. “As fontes de financiamento para a melhoria do sistema e sua sustentabilidade ainda não estão definidas. Estamos em busca desses recursos. O espaço onde funcionará o ambulatório precisa de adaptações, tratamento acústico, design e aquisição de equipamentos”, aponta Dias.

Preparação

Para poder implantar o programa Telessaúde, a instituição investiu na capacitação de seus recursos humanos com a realização, no mês de junho, de oficinas para médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e farmacêuticos bioquímicos. “As oficinas sobre Telessaúde foram ministradas por técnicos da UEA e voltadas para a preparação dos profissionais que atuam em diferentes setores da Fundação. Os profissionais receberam orientações sobre o funcionamento do Programa Telessaúde no Brasil, no Amazonas e como funcionará na instituição, bem como as suas ferramentas e estrutura”, explica Pedroza.

Os profissionais que vão atuar na Tele Consultoria, por meio do Ambulatório Virtual de Dermatologia, estão em fase de cadastramento para que a agenda de atendimento seja formalizada e implantada. “A ideia é mantermos uma agenda semanal, viabilizando o contato com municípios do interior”, destaca Valderiza Pedroza.

A próxima etapa consiste na realização de Oficinas Pedagógicas para que esses profissionais, que atuarão como consultores, possam ser orientados a respeito das técnicas, ferramentas e especificidades da formação por meio da Telessaúde. “Eles serão orientados sobre como montar cursos e aulas de maneira dinâmica, formas de interação, utilizando as características da ferramenta para que as capacitações não fiquem cansativas”, explica a chefe do Departamento de Controle de Doenças e Epidemiologia da Fundação Alfredo da Matta.

O diretor técnico, Luiz Cláudio Dias, destaca a necessidade de adaptação à nova tecnologia. “Existe um certo estranhamento de parte de alguns profissionais em trabalhar com a Telessaúde. Além disso, é preciso preparar o consultor para que ele se habilite e acostume a falar para uma sala vazia, sendo filmado e sem o contato humano, sem olhar a expressão do aluno”, afirma.

Ciência em Pauta/SECTI-AM, por Anália Barbosa