Fundação de Medicina Tropical estuda tratamento via oral da leishmaniose

A Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado (FMT/HDV-AM) vai realizar um estudo para viabilizar a implantação do primeiro tratamento, via oral, da leishmaniose em todo o Brasil

A pesquisa vai receber o financiamento de R$ 1,02 milhão, oriundos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

 

Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação da FMT/HDV, em 2009, foram notificados 570 casos de leishmaniose, somente na instituição. Em 2010, até o dia 27 de dezembro, já existiam 324 casos contabilizados.  Em média, mais de 2 mil casos de leishmaniose são registrados por ano, somente no Estado do Amazonas.  São mais de 20 mil em todo o país.

 

Pesquisa

 

A pesquisa para implantação do tratamento em todo o Brasil é resultado do trabalho de doutorado da dermatologista da FMT/HDV Anette Talhari, que comprovou eficácia superior a 75% do medicamento oral miltefosina, para o tratamento da leishmaniose. Atualmente, a doença é tratada com drogas injetáveis, cujo poder de cura chega somente a 55%. Além disso, a pesquisa apontou que o tratamento via oral é seguro e tem poucos efeitos colaterais.

 

A miltefosina é uma droga criada no final da década de 80 por pesquisadores da Alemanha, para o tratamento do câncer. Entretanto, o medicamento não apresentou resultados positivos para a doença, mas testes posteriores apontaram que a droga poderia ser utilizada na terapia de pessoas infectadas com doenças tropicais, especialmente a leishmaniose.

 

De acordo com o diretor-presidente da FMT/HDV, Sinésio Talhari, a instituição coordenará um estudo multicêntrico no Amazonas, Bahia, Minas Gerais e ainda mais um estado, que está em definição.

 

"O medicamento, que foi testado em uma amostra pequena durante a pesquisa de doutorado, agora será administrado em mais pacientes, de cada um dos estados envolvidos na pesquisa, para assim verificar a viabilidade de implantação do novo medicamento para todo o Brasil, a partir de 2012", afirma Sinésio.

 

Doença

 

A leishmaniose é uma zoonose, frequentemente transmitida ao homem. É uma doença infecciosa, parasitária, e no Brasil é ocasionada por quatro espécies diferentes do protozoário do gênero Leishmania. Os animais mais próximos aos homens que podem estar infectados pela doença são os cães e os roedores, mas a transmissão não se faz diretamente por esses animais. Ela é ocorre através da picada de um mosquito, a Lutzomia.

 

A leishmaniose se apresenta de forma cutânea, que é mais comum, afetando a pele, e de forma visceral, mais severa, onde o parasita migra para órgãos como fígado, baço e medula óssea, e, se não houver tratamento, pode levar à morte.  No Estado do Amazonas predomina a forma cutânea, sendo raros os casos de leishmaniose visceral.  Porém, as formas cutâneas, sem tratamento adequado, podem, tardiamente, ocasionar graves deformidades no nariz, invadindo a boca e a laringe.

 

Fonte: Agência Fapeam