Governo procura atrair inteligência do exterior

Um investimento inicial de R$ 200 mil e um ano para apresentar resultados. Com essa oferta, que o governo federal considera ‘mais generosa’ que as do Vale do Silício, principal polo de inovação mundial, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) apresentou na última quinta-feira (29), em São Paulo, o programa Startup Brasil, que procura estimular as empresas nascentes de base tecnológica no País.

Só em 2013, serão aplicados R$ 8 milhões em pelo menos 40 novatas. As empresas serão selecionadas pelas aceleradoras – companhias que dão apoio às recém-criadas e se tornam suas acionistas. O governo receberá as propostas até 31 de janeiro e a análise será feita até 28 de fevereiro. Em 1° de março, serão divulgadas as vencedoras. Cada aceleradora poderá apoiar até oito empresas iniciantes e as “startups” receberão capital de RS 200 mil, cada uma.

Inserido no Plano TI Maior, lançado em agosto, o programa prevê o aporte de R$ 40 milhões até 2015 em 150 empresas recém-criadas.

“Esse é um valor superior ao das companhias internacionais, até mesmo às do Vale do Silício, que recebem entre US$ 50 mil e US$ 80 mil para se desenvolver em um semestre”, disse o secretário do ministério, Virgílio Almeida. No Brasil, os recursos são repassados à companhia novata apenas no primeiro ano de vida, período em que precisa apresentar resultados. “Prevemos que até 25% das ‘startups’ que vão ser aceleradas venham do exterior e se instalem aqui”, disse Almeida. “O que interessa é atrair inteligência para o País, seja de brasileiros ou estrangeiros”.

Segundo o secretário, o governo tem preferência por empresas de áreas em que o País já é competitivo lá fora, como óleo e gás, mineração, alimentos e sistema financeiro. “Também são considerados prioritários setores estratégicos para o país, como educação, defesa e saúde”, afirmou.

O governo brasileiro espera que grandes empresas, como Petrobras e Microsoft, se candidatem a aceleradoras. “É interessante para essas companhias porque vão descobrir empresas inovadoras, que eventualmente podem adquirir”, afirmou Almeida. É possível também, diz ele, que a aceleradora seja formada por meio de parceria entre grandes empresas e universidades ou até por prefeituras.

Segundo Almeida, serão considerados quatro critérios para seleção das aceleradoras. O de maior peso é o de “time e estrutura”, o que envolve qualidade da equipe executiva, infraestrutura física e tecnológica, meta de negócios, metodologia da aceleração e modelo de monetização. A rede de relacionamentos vem em segundo lugar, envolvendo a relação com universidades, qualificação da rede de mentores e parcerias estratégicas.

O acesso ao mercado vem na sequência e está relacionado às parcerias estratégicas para o desenvolvimento do negócio, com a cadeia de fornecedores. O quarto critério está na motivação em empreender. “Não é fácil a vida desses meninos que fazem ‘startups'”, disse Almeida. “Vive-se com pouco, trabalha-se 20 horas por dia e tudo pode dar errado”.

Fonte: Jornal da Ciência/ Valor Econômico