Hemoam se consolida como instituição de ensino e pesquisa em hematologia
27/07/12 – O Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), está investindo no fortalecimento dos serviços prestados à população, tanto no interior quanto na capital, para garantir segurança na transfusão de sangue, assistência aos pacientes acometidos de doenças hematológicas benignas (anemia hereditária, leucemia, linfomas) e na qualificação de pesquisadores e formação de recursos humanos. De 2003 a 2011, o Governo do Estado, por meio da Fapeam, já investiu no Hemoam R$ 2,32 milhões, os quais foram aplicados em pesquisas científicas e infraestrutura.
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Entre as ações promovidas pelo Hemoam com os recursos oriundos da verba governamental, está o curso ‘Training in Clinical Research for Transfusion Services’, que capacitou 18 alunos do Norte, Nordeste e Centro-Oeste na elaboração de projetos de pesquisa sobre os serviços de segurança transfusional. Os palestrantes eram professores da Universidade da Califórnia, com larga experiência na área. O curso ocorreu de 20 a 29 de junho deste ano. “A metodologia de um projeto é importante para a pesquisa científica. Houve aulas teóricas e práticas. O curso tinha por objetivo desenvolver expertise em elaboração de projetos”, informou a pesquisadora do Hemoam, Dagmar Kiesslich.
Doutora em Medicina pela Universidade de São Paulo, Kiesslich explicou que o curso coincidiu com a abertura do Edital Universal, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ao final, os pesquisadores submeteram seis projetos à agência de fomento. Para o diretor do Hemoam, Nelson Fraiji, as submissões demonstram a qualidade dos projetos finais apresentados pelos alunos, do ponto de vista metodológico.
Segundo Fraiji, o curso ajudou a alavancar a produção científica no Estado, pois seis alunos que apresentaram propostas ao CNPq serão professores do curso de mestrado que tem previsão para ser ofertado pelo Hemoam em 2013, caso a proposta apresentada à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) seja aprovada. Ele disse que isso significa que, no próximo ano, os projetos em execução irão abrigar os futuros alunos de mestrado.
Formação de RH
A proposta de mestrado é uma iniciativa da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), em parceria com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e Hemoam. Os documentos foram encaminhados à Capes no dia 20 de junho. A previsão é de que a proposta seja julgada até o final deste ano.
“A expectativa é de aprovação devido à carência de profissionais na área de segurança transfusional. O subcoordenador da área esteve em Manaus e avaliou a proposta como meritória. Isto é, há indícios de aprovação. Caso aprovada, iremos iniciar as atividades em janeiro de 2013. Esse projeto vem sendo articulado no plano de gestão, desde 2011, juntamente com o curso de Epidemiologia Clínica e a vinda dos pesquisadores visitantes seniores, que é uma ação da Fapeam, os quais têm contribuindo com a consolidação dos programas de investigação científica e na formulação das propostas”, ressaltou o diretor do Hemoam.
Fraiji salientou que é uma ‘ousadia’ apresentar uma proposta de mestrado na área de Hematologia e Hemoterapia, pois existem universidades tradicionais no País que atuam nessa área como, por exemplo, a Universidade de São Paulo (USP), de Ribeirão Preto, e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Existem programas que têm fronteira com a área que atuamos, mas um programa com o nosso foco é o terceiro no Brasil. Entendemos que há uma carência na Região Norte e Centro-Oeste, que o Estado brasileiro esqueceu por décadas e cabe a nós agora rompermos com a condição de atraso”, ponderou.
Infraestrutura
Quanto à segurança transfusional, Kiesslich disse que o Hemoam está em processo de aquisição de um sequenciador de genes, o qual irá garantir a maior qualidade do sangue e dos produtos derivados à população. Ela explicou que o equipamento permitirá verificar mutações nos genes dos patógenos, uma vez que determinadas doenças hematológicas têm componentes genéticos associados. Será possível, por exemplo, o sequenciamento dos vírus transmitidos por transfusão, como o do HIV, e o da hepatite C e B, os quais são os mais comuns. “O sequenciador vai permitir detectar as alterações das bases de DNA e RNA dos vírus, ou seja, vai afinar e refinar o diagnóstico das doenças”, salientou.
Segundo Kiesslich, o Hemoam também está implantando o teste do Ministério da Saúde (MS) chamado Teste de Ácidos Nucleicos ou NAT. Uma nova tecnologia que está em fase experimental. O exame reduz a chamada janela imunológica e identifica o vírus em um espaço mais curto de tempo após a contaminação. O tempo em que o vírus permanece indetectável por testes cai de 22 para 10 dias no caso do vírus transmissor da Aids; e de 35 para 12 dias em relação ao vírus da hepatite C.
Ambos pesquisadores foram unânimes ao afirmar que as ações promovidas pelo Governo do Estado exigiram alterações na rede de atendimento no interior do Estado. A reformulação passa pelos níveis de assistência, reorganização da gestão e incremento tecnológico, além de novos produtos hemoterápicos.
“A meta é oferecer uma base para assistência médica sofisticada. Que tenha condições estruturais para realizar cirurgias de grande porte e tratar pacientes com doenças malignas. Hoje, normalmente, a população interiorana acometida de alguma doença hematológica grave tem de ser transferida para Manaus. O resultado é gasto de tempo, perda de oportunidade em um tratamento precoce e dificuldades operacionais e logísticas. O NAT garantirá um produto mais seguro para o interior”, destacou Fraiji.
Fonte: Agência Fapeam, por Luís Mansuêto