Homens sem hábito de escovar os dentes podem ter problemas de ereção

Homens que escovam frequentemente os dentes têm menos chances de sofrer com problemas de disfunção erétil, de acordo com um estudo publicado no Journal of Sexual Medicine e realizado pela  Universidade Inonu, na Turquia.

A pesquisa, liderada por Faith Oguz,  revela a ligação entre a falta de higiene bucal e problemas de ereção, já que a escovação previne o aparecimento de doenças na boca. Homens com gengivas inflamadas são três vezes mais propensos a sofrer com o mal.

Mais de 160 voluntários com idades entre 30 e 40 anos foram avaliados por meio de grupos de controle. Para os testes foram escolhidos 80 homens que apresentavam difunção erétil e 80 que não apresentavam. A partir daí, a função sexual dos participantes foi avaliada através do Índice Internacional de Função Erétil e sua saúde gengival utilizando o índice de placa e índice de sangramento à sondagem. Os resultados mostraram que 53% dos homens com disfunção erétil tinham gengivas inflamadas em comparação com 23% no grupo de controle dos saudáveis.

ENTENDA A RELAÇÃO ENTRE FALTA DE HIGIENE E PROBLEMAS DE EREÇÃO

Isso pode ser explicado por dois fatores, pois quem não tem uma boa higiene bucal tem mais bactérias na boca, consequentemente esses microorganismos podem se infiltrar na corrente sanguínea por meio da gengiva e para dentro dos vasos sanguíneos,obstruindo-os. Vasos sanguíneos entupidos atrapalham os homens na ereção.

Outro fator apontado pelo estudo é o bloqueio de uma enzima chamada eNOS, que ajuda os homens na ereção. Em outras palavras, a mesma condição que faz uma gengiva sangrar e recuar pode interromper uma vida sexual saudável.

Além disso, segundo os pesquisadores, fatores físicos causam quase dois terços dos casos, principalmente por causa de problemas com os vasos sanguíneos e problemas psicológicos, como estresse emocional e depressão sendo responsáveis pelo restante dos casos.

OUTROS CAUSADORES DE DISFUNÇÃO ERÉTIL

Estudos na área também apontam outros maus hábitos que afetam a vida sexual dos homens.  Pilotar uma moto, por mais de três horas durante a semana, por exemplo,  pode danificar algum nervo por comprimir o períneo.

Maus hábitos alimentares também podem ser apontados como fatores de risco, já que uma substância química chamada de bisfenol-A (BPA) e que podem ser facilmente encontradas em alimentos enlatados, também pode perturbar o sistema hormonal masculino.

E ainda,  roncar ou consumir drogas e medicamentos que tenham serotonina, assim como traumas pélvicos também podem contribuir com a disfunção erétil.

QUEM ESCOVA MENOS OS DENTES TEM MAIS CHANCES DE TER DOENÇAS CARDIOVASCULARES

Especialistas alertam que boa parte da população não se dá conta de que a boca não é uma estrutura à parte do corpo. A associação entre má higiene bucal e algumas patologias intriga médicos e cientistas há algum tempo. Ao longo das últimas duas décadas, eles se debruçam em pesquisas que analisam a correlação entre as placas bacterianas e as cardiopatias. Exemplo recente é um estudo realizado na University College London com 11 mil pessoas. O trabalho confirmou risco 70% maior de doenças cardiovasculares em indivíduos que escovam os dentes com menos frequência. A média de idade dos entrevistados era de 50 anos.

A análise foi baseada na quantidade de visitas ao dentista, no número de escovações por dia, em detalhes sobre a pressão arterial e no histórico de doenças cardíacas na família. Em um período de oito anos de pesquisa, 555 participantes que mantinham os piores hábitos de higiene bucal tiveram doenças cardiovasculares. Desses, 170 morreram. Em 74% dos casos fatais, o principal diagnóstico era de doença coronariana.

O médico brasileiro César de Oliveira, pesquisador do Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública da Universidade de Londres (UCL) e envolvido no estudo, avalia que males bucais crônicos, como a doença periodontal — causada entre outros fatores por uma pobre higiene bucal — contribuem para o aumento da inflamação sistêmica. “Com isso, a possibilidade de desenvolver males cardíacos aumenta. Considerando que a doença periodontal é muito prevalente, pesquisas nessa área são importantes para conseguirmos entender tal processo a fundo”, alerta.

O cirurgião-dentista e especialista em saúde coletiva Júlio César é taxativo: as doenças da boca podem matar. De acordo com ele, 40% das endocardites bacterianas — infecções do endocárdio — têm como causa as doenças bucais. Desse universo, 20% dos pacientes não resistem à patologia. “É uma questão de saúde pública. Praticamente 100% da população teve, tem ou terá cárie e doenças das gengivas, que são os problemas mais comuns da boca. As bactérias bucais caem na corrente sanguínea e se alojam nas paredes do coração, desencadeando os danos”, explica.

O especialista acrescenta que os processos infecciosos bucais se disseminam para o resto do corpo e podem afetar, inclusive, o cérebro. Como parte do aparelho estomatognático, a boca é importante para a fala, a deglutição, a mastigação e outros processos. “É a porta de entrada para a saúde. Se não cuidada, porém, a boca pode ser um portal para as doenças”, observa.

Fonte: Correio Braziliense