Incubadoras aliam descobertas à indústria
Spin-offs nascem para fazer a intermediação entre estudos acadêmicos e as empresas
As empresas farmacêuticas brasileiras já se encontram em estágio de desenvolvimento suficiente para a fabricação de produtos farmacêuticos. E a pesquisa acadêmica na área é considerada igualmente avançada. Mas as duas não se entendem muito bem.
Pelo menos é o que afirmam especialistas, chamando a atenção para a cadeia intermediária do processo de descoberta de fármacos, que só agora começa a se desenvolver no país.
"Há expertise disponível na academia, mas está voltada quase exclusivamente para o ensino e a pesquisa, atuando pouco na lógica de interação com as indústrias ou na prestação de serviços ao setor empresarial", afirma Luiz Carlos Marques, pesquisador da área e professor de biomedicamentos da Uniban. "Ao mesmo tempo, falta infraestrutura industrial para a geração de extratos vegetais e todo o estágio de produção pré-clínica."
Novas alternativas
Começam a aparecer então as spin-offs, empresas geradas na universidade, criadas para levar adiante as possibilidades da pesquisa desenvolvida nas instituições acadêmicas. A Lychnoflora, situada na Fundação Polo Avançado de Saúde de Ribeirão Preto, nasceu assim.
A empresa é especializada na extração, purificação, isolamento e identificação estrutural de substâncias originadas de produtos naturais e sintéticos. Além disso, busca o desenvolvimento de insumos farmacêuticos, visando fornecer novas alternativas para o mercado.
"Muitas vezes, os pesquisadores têm a ideia de que aquela biomolécula específica é muito promissora, mas não sabem que tipo de ensaio, controle de qualidade ou testes são necessários para adaptá-la às necessidades da indústria", afirma a farmacêutica Thais Guaratini, sócia da empresa.
A Lychnoflora também desenvolve drogas próprias por meio de parceria coma Finep e o CNPq. Segundo o farmacêutico bioquímico Rodrigo Spricigo, da GC-2 – Gestão do Conhecimento Científico, empresa que atua na inovação farmacêutica, a indústria nacional tem todo o interesse em desenvolver medicamentos das plantas brasileiras, mas considera o risco muito alto.
Na cadeia produtiva, elas preferem se concentrar nas duas etapas finais, a de produção e marketing e comercialização, que necessita de investimento menor.
Fonte: Jornal da Ciência