Iniciação Científica: o primeiro passo para a formação de novos talentos em CT&I
CIÊNCIAEMPAUTA, POR FABRÍCIO ÂNGELO
Quem nunca brincou que era um super cientista, que inventava máquinas mirabolantes ou descobria fórmulas que poderiam salvar o mundo?
O crescimento das áreas de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) vem trazendo investimentos públicos e privados para a formação de novos pesquisadores. E isso tem se dado, principalmente, no ensino médio e no início da graduação, quando Programas de Iniciação Científica incentivam a vocação de estudantes para carreiras que explorem a busca por novas teorias e descobertas. Criatividade, inovação e mais uma boa pitada de sonhos são os ingredientes que fazem da Ciência algo tão especial.
Segundo o site do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o programa de Iniciação Científica é uma modalidade concedida pelo CNPq, desde sua fundação em 1951. O principal objetivo era, inicialmente, despertar jovens talentos para a ciência. Ao longo do tempo, os objetivos dessa modalidade foram ampliados e diversificados. Atualmente, a iniciação científica é concedida por meio de programas institucionais via chamadas públicas lançadas periodicamente.
Ainda segundo o texto do CNPQ, para se desenvolver um país é necessário desenvolver pessoas: elevar o patamar de informação disponível e prover a população de conhecimentos básicos de ciência e tecnologia, porque esses conhecimentos são centrais hoje em dia. Então, se torna necessário estimular os jovens a se tornarem profissionais de C&T, para avançarmos no conhecimento existente.
Conforme os dados do Conselho, atualmente existem 1.721 bolsas de iniciação científica sendo contempladas na região Norte, dessas 441 (25,62%) são projetos de instituições de pesquisa amazonenses.
INVESTIMENTOS EM NOVOS TALENTOS
Além do MCTI, o Sistema Público Estadual de CT&I por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas (SECTI-AM) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), é um importante parceiro na descoberta de novos talentos. Somente em 2014 foram disponibilizadas 1.511 bolsas para o Programa de Apoio à Iniciação Científica (Paic).
Uma das instituições locais que possuem um sólido programa de iniciação científica é o Instituto Leônidas e Maria Deane – Fiocruz Amazônia (ILMD). Conforme o pesquisador e coordenador da área, Dr. Felipe Pessoa, a atividade funciona com o fomento de duas fontes, o CNPq por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), e da Fapeam com o Paic.
De acordo com Pessoa ambos os programas oferecem estímulos diferenciados, sendo que o Pibic é sediado na Vice Presidência de Pesquisa e Laboratórios de Referência, onde é disponibilizado um edital nacional, com cerca de 350 bolsas. “A disputa é acirrada, pois é levado em conta o currículo do pesquisador, do aluno e a relevância do projeto, e o número de bolsas disponíveis são pequenas se pensarmos no grande número que compõe o quadro de pesquisadores da Fiocruz”, afirma.
Já o programa da Fapeam funciona em um edital interno, com processo seletivo, mas com cota de 30 bolsas atendendo a demanda da Fiocruz Amazônia. “O Paic oferece um diferencial devido a uma pequena ajuda de taxa de bancada, que é sempre bem vinda, sendo distribuída a todos os projetos vinculados ao programa”, destaca o pesquisador.
CIÊNCIAS TRANSVERSAIS E CARREIRA PROMISSORA
Para participar de um Programa de Iniciação Científica o estudante tem que estar motivado e disposto a passar um bom tempo de seu dia lendo e pesquisando. “O estudante que é selecionado como bolsista no ILMD irá desenvolver projetos em áreas transversais sobre a temática em Saúde Pública, nossa missão institucional”, explica Felipe Pessoa.
O quadro de bolsistas é composto não só por graduandos da área de saúde. “Temos desde estudantes de Sociologia que trabalham em aspectos sociais da saúde e história da saúde, e estudantes de áreas biológicas que desenvolvem temas abrangentes ou focais, como epidemiologia até biologia molecular de vírus”, disse.
O pesquisador Erich Loza Telleria, começou a se interessar pela área científica no ensino médio, quando teve as primeiras aulas de práticas de laboratório, tanto na área de biológicas quanto na de exatas. “Nesta época os avanços científicos alcançados com os projetos de sequenciamento de genomas povoavam minha imaginação e aguçavam a minha curiosidade”, disse.
Em 2005 o carioca Erich foi estudar Medicina Veterinária na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) onde se aproximou ainda mais do mundo da ciência. “Tive contato com as disciplinas de Genética e ingressei no programa de iniciação científica no Laboratório de Genética Animal do Instituto de Biologia desta mesma universidade sob orientação dos professores Heriberto Martins e Jorge Almada. E devido a esta grande oportunidade, pude verificar minha aptidão para a área científica”, falou.
Após a faculdade Erich Telleria, fez mestrado e doutorado no Instituto Oswaldo Cruz (IOC) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), situada no Rio de Janeiro. “No Laboratório de Biologia Molecular de Parasitos de Vetores do IOC pude participar de um novo projeto de Iniciação Científica, que resultou na minha principal área de interesse de pesquisa, com a temática voltada a insetos transmissores de zoonoses e suas interações com parasitos e microbiota intestinal”, ressalta.
Após um período estudando na Liverpool School of Tropical Medicine onde fez parte de seu doutorado, ele retornou ao Brasil e atualmente é Bolsista Jovem Talento do Programa Ciência Sem Fronteiras, nível pós-doutorado, no próprio IOC, com pós-doutorado pela Universidade de Yale (EUA). “A dedicação, tempo e trabalho investidos durante o desenvolvimento dos programas de Iniciação Científica foram fundamentais para o amadurecimento profissional e confirmação das minhas aptidões para a pesquisa científica”, finalizou Telleria.
CIÊNCIAemPAUTA, por Fabrício Ângelo