Inmetro avalia qualidade da banda larga no Brasil

O Inmetro realizou, em parceria com o Nic.br e com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), testes de qualidade dos serviços de internet banda larga em três capitais brasileiras: Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. A avaliação faz parte do Programa de Análise de Produtos e os provedores testados foram Vírtua (Net), Speedy (Telefônica), Velox (Oi) e GVT. Os resultados foram divulgados ontem pelo programa Fantástico, da Rede Globo, e estão no site do órgão. As operadoras foram aprovadas nos quesitos velocidade média, velocidade instantânea na latência, mas reprovadas no item disponibilidade.

Nas três capitais, com exceção do serviço Velox, da Oi, em Belo Horizonte, e do Speedy, da Telefônica, em São Paulo, os serviços não ficam disponíveis por 24 horas e 30 dias, conforme previsto nos contratos. Falharam neste quesito: Velox, da Oi, no Rio de Janeiro, GVT, em Belo Horizonte e Vírtua, da Net, nas três cidades testadas. No período testado, o Speedy, da Telefônica apresentou conformidade, ou seja, estava disponível 99% do tempo. Na semana passada, no Centro de São Paulo, ficou indisponível por mais de meia hora em um dia só.

As maiores críticas do Inmetro são relativas à parte da análise realizada, de acordo com o Código do Consumidor, dos contratos celebrados entre as partes (consumidores e prestadores de serviço). O maior problema, de acordo com declarações do Inmetro na reportagem do Fantástico, é o fato de as operadoras não fornecerem os contratos aos usuários (que precisam buscar os contratos nos sites) e o fato de não especificarem, nos contratos, as velocidades mínimas e máximas dos serviços.

O convênio para a realização dessa medição foi realizado em 2009, com validade por três anos. De acordo com Fabrício Tamusiunas, Coordenador dos Projetos de Medição de Qualidade da Internet, do NIC.br, deve ser renovado. Com a metodologia aprovada e experimentada, é possível divulgar dados a cada ano. Além disso, o Nic.br vai começar a medir, este ano, a qualidade dos serviços de banda larga móvel (3G). A medição, ao contrário da banda larga fixa, não vai precisar da participação de voluntários para acontecer. Essa é uma das dificuldades do projeto, porque o voluntário precisa se dispor a contratar o serviço, receber as faturas em seu nome e pagá-las, para que as operadoras não saibam que se trata de um teste. No caso do 3G, as medições serão realizadas por uma unidade móvel com equipamentos.

Somente onde há competição

As medições foram feitas com aparelhos específicos, durante dois meses, entre junho e novembro de 2010. Um dos critérios da metodologia escolhida foi de fazer medições apenas em regiões onde há mais de uma operadora atuando. Além disso, para a medição ser válida, precisa ser feita em pelos menos três operadoras simultaneamente, que representem pelo menos 80% do mercado no local analisado. Em 4.354 municípios brasileiros não há mais de um provedor de serviços de banda larga fixa com poder de mercado, de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações. Os serviços avaliados tinham velocidades entre 1 Mbps e 10 Mbps.

Em São Paulo, foram testados o Virtua, da Net, e o Speedy, da Telefônica, que juntos respondem por 91,14% dos assinantes paulistanos. No Rio de Janeiro, foram testados o Virtua, da Net e o Velox, da Oi, responsáveis por 94,52% do mercado carioca. E em Belo Horizonte, além do Virtua e do Velox, foi testado também o serviço da GVT. Somados, representam quase 89,58% das assinaturas locais.

As medições foram feitas nos seguintes bairros:

Belo Horizonte: Barro Preto, Buritis, Alípio de Melo, Serra, Centro.
Rio de Janeiro: Tijuca, Vila Valqueire, Barra da Tijuca, Glória.
São Paulo: Planalto Paulista, Perdizes, Vila Mariana, Santana, Tatuapé, Parque Mandaqui.

Precisa melhorar

A conclusão do Inmetro: "Apesar da expansão do setor, o país ainda enfrenta problemas na prestação dos serviços de banda larga fixa do tipo residencial, dentre eles a desproporcionalidade e a falta de clareza dos contratos celebrados; o alto preço cobrado pelo serviço; a falta de viabilidade técnica para a instalação; as interrupções e instabilidades do serviço; e a perda de pacotes. Os resultados encontrados na análise demonstraram a necessidade de adequação dos contratos de prestação de serviços ao Código de Proteção e Defesa do Consumidor e Regulamentação de Telecomunicações, bem como a necessidade de melhoria na qualidade dos serviços oferecidos pelo segmento".

Veja o comunicado do Inmetro e os resultados completos aqui.

Fonte: Wireless Mundi, por Patrícia Cornils