Instituto Mamirauá comemora aumento do estoque de pirarucu
Após 15 anos de fundação, o Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá conseguiu aumentar em aproximadamente 447% o estoque natural de pirarucu em áreas manejadas. No período, a atividade gerou cerca de R$ 10 milhões, beneficiando mais de mil pescadores.
O programa tem o objetivo de promover a conservação de recursos pesqueiros nas reservas, estimular a exploração sustentável, gerar renda e melhorar a qualidade de vida das comunidades. A ação envolve os comunitários em todas as etapas do processo de manejo. Segundo o Instituto, em 2012, os ganhos dos pescadores envolvidos na iniciativa variaram entre R$ 126,40 e R$ 6.130,00.
A coordenadora do programa, Ana Cláudia Torres, afirmou que a exploração do pirarucu no sistema de manejo é considerada sustentável. “A cota de pesca é definida a partir dos dados obtidos no levantamento do estoque (censo/contagem), de, no máximo 30% dos pirarucus adultos contados, deixando os 70% restantes para assegurar a reprodução da espécie. E não capturando indivíduos juvenis”.
Durante o acompanhamento da pesca, os técnicos do programa monitoram as gônadas (órgão onde são produzidas as células sexuais), medindo, pesando e identificando o estádio gonadal em que se encontram (imaturo, em maturação, maduro e desovado).”Os dados são analisados com a finalidade de determinar se o estoque continua apresentando parâmetros de recrutamento similares aqueles observados em anos anteriores, visando identificar quaisquer sinais de impacto negativo do manejo sobre o estoque”, afirmou Torres.
COMUNIDADES
Atualmente, o Instituto assessora 27 comunidades e três colônias de pescadores dos municípios de Tefé, Alvarães e Maraã, que já fazem pesca de pirarucu (1.063 pescadores entre homens e mulheres). Outras 13 comunidades e um sindicato de pescadores da cidade de Maraã (615 pescadores entre homens e mulheres) estão em processo de discussão.
O PIRARUCU
Tradicional na culinária regional, o pirarucu (Arapaima gigas) ganhou status de bacalhau da Amazônia. A espécie pode medir até três metros de comprimento e pesar até 200 Kg.
Quase todas as partes do peixe são aproveitadas. A língua áspera costuma ser usada para ralar o guaraná (fruto utilizado para fabricação de bebidas). Já o filé do peixe é macio e sem espinhas. Os ribeirinhos costumam aproveitar as vísceras e ossos do pirarucu. O couro do animal é utilizado como matéria-prima para a produção de bolsas e sapatos de alta costura. Já as escamas servem para fabricação de peças de artesanato (brincos, colares, lixa de unha).
Fonte: G1, por Eliena Monteiro