Instituto Mamirauá leva internet e telefonia para áreas remotas

Pesquisador Guilherme Guerra acessa a internet na Casa do Baré. Foto: José Raimundo Reis

A necessidade de ter meios para se comunicar em áreas mais distantes levou o Instituto Mamirauá a buscar formas de conectar esses locais ao mundo. Para isso, um projeto da coordenação de Tecnologia da Informação e Comunicação, vem sendo executado e já conseguiu levar o sinal de internet e telefone para a Pousada Flutuante Uacari, na Reserva Mamirauá, e a Casa do Baré, na Reserva Amanã, uma base de terra firme distante cerca de 110 quilômetros de Tefé, ambos os pontos em região de floresta no Amazonas.

Foi necessário inovar para obter os resultados positivos. Um dos principais problemas da instalação de internet na região de Tefé é o alto custo. Por ser uma região distante, não existe cabeamento de fibra ótica na região. O método mais interessante, por enquanto, é a transmissão via satélite. Porém, o custo da instalação de pontos de satélites na pousada e no Baré seria muito alto.

Os técnicos em informática optaram pela tecnologia via rádio, mas se depararam com um novo problema, o solo de várzea que, por uma questão de segurança, limita a altura máxima das torres. Como o sinal de rádio se propaga em linha reta, “dependendo da distância, a própria curvatura da Terra faz com que a onda não alcance a outra torre”, expôs o coordenador de Tecnologia da Informação e Comunicação, Francisco de Freitas Junior.

Segundo ele, os próprios fabricantes diziam que era impossível fazer uma transmissão daquele tipo sem aumentar o tamanho da torre. “Conseguimos um equipamento interessante. Customizamos, trabalhamos as configurações e fizemos muitos [testes em] laboratórios”, explicou o coordenador. “Conseguimos um equipamento barato, robusto e com alto desempenho. Esse foi um experimento único no Brasil. Instalamos internet wireless e telefonia voip nos dois locais. A transmissão de dados está instalada de forma estável, igual à internet da sede”.

Agora, os técnicos procuram novas formas para ultrapassar as áreas de floresta sem o auxílio das torres. O projeto está em fase de estudo e deve ser testado neste ano.

BENEFÍCIOS

O projeto tem o intuito de melhorar o trabalho do pesquisador, além de trazer um conforto maior ao profissional que, muitas vezes, passava um grande período de isolamento em campo. O único contato com a sede era por rádio. Além disso, a tecnologia pode ajudar no trabalho com espécies em tempo real.

“Tudo que eu faço aqui, por exemplo, a pesagem de um animal, eu consigo compartilhar em tempo real. Se preciso de uma medicação de urgência, com o telefone eu posso entrar em contato com o instituto, algo que me dá mais segurança do que usando o rádio”, lista o médico veterinário Guilherme Guerra. “Outro ponto é que temos o acesso à informação. Com esses recursos, a gente não se sente sozinho, posso conversar com meus familiares todas as noites, se eu quiser. Tudo melhora com essas ferramentas” .

Fonte: Instituto Mamirauá