Investimentos em Divulgação Científica aproximam Ciência e sociedade

Durante cinco anos como diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), o doutor em Linguística Odenildo Teixeira Sena sempre priorizou o campo da difusão científica.

Atualmente à frente da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Sect/AM) e do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Ciência e Tecnologia (Consecti), Sena ressaltou a importância dos investimentos em divulgação científica como forma de aproximar a sociedade da ciência e afirmou que o Brasil está avançando de forma relevante na área científica e tecnológica nos últimos anos.

Em entrevista exclusiva à Agência FAPEAM, o titular da Sect/AM falou sobre o avanço do setor de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) no Amazonas e o Programa de Difusão Científica que está se tornando modelo para outras Fundações de Amparo do País e ainda afirmou que “o Amazonas está no mapa da CT&I do Brasil”. Confira!

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Agência FAPEAM (AF) – Nos últimos anos, o Estado do Amazonas avançou bastante no setor de ciência e tecnologia. O senhor poderia explicar como foi possível este crescimento?

Odenildo Sena – O avanço iniciou a partir do surgimento do que denominamos de sistema público estadual de ciência e tecnologia, que foram as criações da Sect/AM, FAPEAM, Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam). Com o sistema, os nossos pesquisadores, além de continuarem concorrendo aos editais das agências federais, passaram a ter disponível uma agência estadual de fomento, a FAPEAM.

AF – A FAPEAM, então, foi a mola propulsora deste avanço?

Sena – Com certeza, pesquisas em ciência aconteciam no Amazonas, porém, de forma reservada, silenciosa. Conhecíamos algumas ações do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e, numa escala menor, as pesquisas desenvolvidas pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Com a FAPEAM este cenário mudou radicalmente, pois os pesquisadores passaram a ter mais incentivos para o desenvolvimento de seus projetos. Isso oportunizou uma formação mais qualificada e, a partir daí, aumentou-se a competitividade e os pesquisadores começaram a concorrer com mais igualdade aos editais nacionais. Exemplo disso são os projetos desenvolvidos no âmbito dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs).

AF – As Instituições de Saúde também estão se destacando em pesquisas científicas?

Sena – Sim. Isso é outro fator que comprova a mudança de paradigma. Nossas Instituições de Saúde há até pouco tempo limitavam-se somente à prestação de atendimento à saúde. Hoje o cenário é outro. O Hospital de Medicina Tropical, por exemplo, é a maior referência nacional e uma das maiores no campo internacional em doenças tropicais, não pelo atendimento, mas pela pesquisa científica. A instituição deixou de praticar apenas assistência e passou a produzir conhecimento. O Hemoam, Alfredo da Mata e a Fundação Cecon são outros destaques.

AF – O senhor é um grande incentivador da difusão científica. Como surgiu a ideia de criar um programa específico para isso?

Sena – A questão da difusão científica, da necessidade de partilhar com a sociedade o que estávamos fazendo para fortalecer a FAPEAM sempre esteve muito presente na minha mente. Entretanto, vale ressaltar que eu não inventei nada (risos). Certa ocasião, ao visitar o site da Fapesp verifiquei algo semelhante e decidi que a Fundação teria um programa também.

AF – É verdade que para divulgar a revista ‘Amazonas faz Ciência’, o senhor a ‘esquecia’ propositalmente em vários lugares? 

Sena – Sim (risos). Cada vez que viajava eu levava um pacote de revistas. Nas reuniões, eu colocava alguns exemplares em frente à mesa. Se estivesse esperando alguém, tinha  comigo um exemplar extra. Levava também a consultórios médicos. A revista foi circulando, circulando e hoje encontra-se na vigésima edição. Tenho muito orgulho de ter contribuído com isso.

AF – A dimensão que o Programa de Difusão Científica obteve já era esperada?

Sena – Não, porém, eu tinha esperança que isso ocorresse. Hoje, o programa é um sucesso. Cito como exemplo, uma ocasião em que os presidentes das Fundações de Amparo à Pesquisa dos Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais estiveram no Amazonas e foram entrevistados pela Agência FAPEAM. Após receberem o material produzido, empolgaram-se e estão providenciando programas similares ao da FAP daqui. Outro exemplo interessante é que nas conversas informais, vemos pessoas conversarem mais sobre ciência. Não de uma maneira distante como era antes, mas de maneira próxima, o que significa que nós estamos ganhando um terreno importantíssimo junto à sociedade. Então é indiscutível o mérito desse programa.

AF – Prêmio FAPEAM de Jornalismo Científico, Especialização em Jornalismo Científico, Encontro de Jornalismo e Ciência. Sente-se honrado com tudo isso?

Sena – É uma satisfação para nós enxergar os resultados desse trabalho de difusão da ciência. No dia da entrega do Prêmio, fiquei muito emocionado ao ver estudantes e profissionais debatendo, sobretudo os estudantes, sobre Jornalismo Científico como se fosse algo do dia a dia deles há bastante tempo. Vale observar que isso tudo não é gratuito. É produto do trabalho desenvolvido pela FAPEAM. Outras ações importantes como o Encontro de Jornalismo e Ciência, Especialização em Jornalismo Científico e o próprio Prêmio FAPEAM de JC, não seriam possíveis de serem realizados sem o apoio de todos os parceiros de jornada. Por isso, todos são os grandes responsáveis por todo este avanço.

Fonte: Agência FAPEAM, por Carlos Fábio Guimarães