Mapa tátil contribuirá para inserção social de deficientes visuais das escolas públicas do AM

CIÊNCIAemPAUTA, por Líbia de Paula

Ampliar a inserção social de alunos com deficiência visual das escolas públicas do estado, bem como valorizar a história e geografia dos 62 municípios amazonenses é o objetivo do “Mapa Pé-Yara”, primeiro mapa tátil exclusivamente amazônico desenvolvido em madeira, fibras e materiais extraídos da flora e fauna local.

A proposta é do Grupo de Pesquisa Psicologia, Educação e Novas Tecnologias (Psicotec) da Universidade Federal do Estado do Amazonas (Ufam), que com incentivos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pesquisou sobre os materiais didáticos destinados às pessoas com deficiência visuais no estado e verificou que não havia material suficiente para ser trabalhado com estas pessoas.

O Pé-Yara, que significa “caminho” na língua Tupi-guarani, contribuirá para o aprendizado lúdico sobre a cultura, economia, política e os espaços geográficos dos municípios amazonenses, servindo de recurso metodológico aos professores, além de melhorar a inclusão social de alunos com deficiência visual das escolas públicas do estado.

A coordenadora do projeto, professora da Ufam e doutora em Ciências da Comunicação Cláudia Guerra Monteiro, explica que o mapa será direcionado aos alunos das séries do ensino fundamental e médio com deficiência visual ou não, inseridos no sistema público de ensino de Manaus.

“Após constatar a problemática, submetemos o projeto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), para o Edital Viver Melhor/Pró-Assistir, propondo a criação do Mapa Tátil do Amazonas, um produto didático e paradidático que é feito de fibras, aromas, escamas e resíduos de madeiras. Felizmente a proposta foi aprovada e fomos contemplados com o financiamento”.

O protótipo do mapa está em fase de fabricação e estima-se que em julho de 2013 esteja pronto. Em seguida, será avaliado nas escolas, onde os alunos irão testar e darão sugestões de melhoria. Após essa etapa, os ajustes serão realizados e o mapa estará pronto.

Professora Cláudia Guerra Monteiro. (Foto: CIÊNCIAemPAUTA, por Líbia de Paula)

Professora Cláudia Guerra Monteiro. (Foto: CIÊNCIAemPAUTA, por Líbia de Paula)

ESTRUTURA DO MAPA

O mapa medirá 80cmx80cm e todos os materiais de confecção serão reciclados, havendo ainda a preocupação de não serem utilizados materiais que possam causar risco aos alunos. Ele será composto por um sistema eletroeletrônico integrado, com 62 peças de madeira, um tabuleiro de ajuste de peças, um jogo de cartas de multi acesso em braile, saída e entrada de áudio, dentre outras ferramentas.

Os alunos jogarão juntos, aprendendo as principais características de cada município do Amazonas, por meio das texturas que virão revestindo cada um. Os 62 municípios serão representados com as texturas, sons e aromas típicos. O município de Barcelos, por exemplo, em sua camada terá o couro de peixe, pois o município destaca-se pela exportação de peixes ornamentais. No município de Parintins, os participantes ouvirão as toadas de boi bumbá, estilo musical predominante na região parintinense.

O grupo que inicia o jogo tentará encaixar os municípios no seu respectivo lugar, tentando não errar. Antes do início, será possível escolher o nível de dificuldade do jogo e qual participante jogará. Quem conseguir finalizar os encaixes corretamente vence o jogo.

IDEIA É PIONEIRA NA REGIÃO NORTE

A ideia do Mapa Tátil do Amazonas é pioneira na região Norte. Embora, inicialmente esteja voltado para o atendimento aos municípios amazonenses, ele poderá ser expandido para outras regiões do País, respeitando as características regionais de cada estado.

A produção do mapa é formada por professores da Ufam, como o mestre em Engenharia da Produção, Guilherme Lima Filho; o graduado em Licenciatura Plena em Educação Artística, Renato Antônio Brandão Medeiros; as professoras Maria de Nazaré Ramos, mestre em Educação, e Maria Alice D`avila Becker, com pós-doutorado na área de Psicologia, coordenados pela professora Cláudia Guerra Monteiro.

SOBRE O VIVER MELHOR/PRÓ-ASSISTIR

O edital visou a selecionar propostas para apoio financeiro a projetos de pesquisa para o desenvolvimento de produto ou protótipo de produto de tecnologia assistiva para promoção da funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, estimulando a autoestima, independência, contribuindo, assim, para a melhora da qualidade de vida e do processo de inclusão social.

As propostas aprovadas foram as de caráter inovador e as que possuiam relevância para propiciar maior autonomia ao público a qual se destinam. O Viver Melhor é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e conta com a parceria da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) e com a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SEPED).

CIÊNCIAemPAUTA, por Líbia de Paula