Materiais recicláveis contribuem para tecnologia assistiva de baixo custo

Você acha que é possível inserir tecnologia assistiva de baixo custo na educação de crianças com deficiência? A resposta é sim. Sugestões  foram apresentadas no estande da Secretaria Municipal de Educação (Semed), um dos órgãos que participaram da 11ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), no Clube do Trabalhador – Sesi.

Tampas de garrafas pet, palitos de picolé, caixas de sapato, pincha, copos de iogurte e cartelas vazias de comprimidos  são alguns dos materiais usados na confecção das peças utilizadas na educação de crianças autistas, com síndrome de Down, paralisia cerebral, deficiência visual, auditiva, transtornos globais do desenvolvimento, alta habilidade e superdotação.

Idealizado pela professora, Ozivane Monteiro dos Santos, que trabalha no assessoramento pedagógico em escolas por meio do Complexo Municipal de Educação Especial André Vidal de Araújo, o projeto ‘Tecnologia Assistiva – uma ponte para a aprendizagem de pessoas com deficiência’ tem como proposta orientar professores a respeito da tecnologia assistiva de baixo custo.

“Nossa participação é divulgar os trabalhos para que um maior número de pessoas, principalmente professores, tenham acesso a essas ideias e possam utilizá-las na educação das crianças com necessidades especiais. Nossa proposta é mostrar como os nossos materiais podem contribuir para que as crianças adentrem no mundo da educação de forma igual”, enfatizou Ozivane.

A professora começou a desenvolver as peças há quatro anos, ao observar o pouco progresso na educação dos alunos especiais. “Crianças com paralisia cerebral, por exemplo, não conseguiam escrever porque o lápis não era adequado, então resolvi adaptá-lo envolvendo-o com um pedaço de emborrachado, para facilitar o processo de escrita”, relembrou.

Para ela, quem nasce com alguma deficiência precisa de ajuda para ter acesso aos meios de qualidade de vida que as outras pessoas têm. “Penso que onde estiver uma criança precisando de ajuda no aprendizado, nós, educadores, temos que nos comprometer com esse ensino para que essa criança tenham um desempenho exitoso na educação”, concluiu Ozivane.

JOGOS EDUCATIVOS

Segundo a professora, todas as crianças são inseridas nas atividades, com uso de peças desenvolvidas para cada necessidade.

Todos esses trabalhos foram expostos na 11ª de SNCT, no estande da Semed. Foto: Eduardo Gomes/CiênciaEmPauta

Para a alfabetização de crianças com deficiência visual, peças com as letras do alfabeto Braille foram produzidas utilizando tampas de garrafas pet, palitos de picolé e emborrachados.

No ensino da matemática, um jogo criado com uma caixa de sapato, copos de iogurte e tinta guache instiga a criança a levar a bola ao número identificado em cima de cada copo.

Com o objetivo de ensinar atividades do dia a dia, peças em tecido, simulando camisas, com diferentes tipos de fechos foram coladas em cada um dos lados de um grande dado. Por meio do jogo, a criança aprende a fechar a roupa com os tipos de fechos:  velcro, colchetes, zíperes e cadarços.

Quebra-cabeça feito com caixas de fósforo, tesoura e lápis adaptados para crianças com paralisia cerebral, livro de ensino das formas geométricas com uso de barbantes, cartelas de comprimidos vazias usadas para o ensino de quantitativos, xadrez feito com uma caixa de sapato, pinchas e emborrachados são algumas das diversas peças sugeridas para a utilização na educação de crianças com necessidades especiais.

SOBRE A SNCT

A  Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) é uma mobilização nacional para a popularização da ciência. No Amazonas, as ações são coordenadas pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI-AM).

Neste ano, a SNCT,  em Manaus, reuniu os seguintes eventos: I Encontro de Jornalismo de CT&I do Amazonas, InovAmazonas 2014, Feira de Ciências da Amazônia e Exposição Interativa de Negócios Inovadores.

As atividades da SNCT foram concentradas nos dias 6 e 7 de novembro no Clube do Trabalhador Sesi, Zona Leste de Manaus. Nesse período foram registrados mais de 26 mil visitantes no local.

CIÊNCIAemPAUTA, por Mirinéia Nascimento