Mercado de smart grids apresenta entraves preocupantes, aponta estudo
Avançar nas políticas públicas que aprimorem a Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) para as Redes Elétricas Inteligentes (REI) – mais conhecidas como smart grids -, é determinante para estimular a inovação na indústria brasileira. Contudo, um estudo apresentado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), na quarta-feira (11), apontou entraves que impedem o desenvolvimento de mais de 300 fornecedoras nacionais de TICs.
Entre eles, é possível destacar a atual regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que não reconhece investimentos em ativos de TIC-REI e também de outros ativos das concessionárias de energia elétrica, impossibilitando recursos expressivos para a área. São prejudicadas, além das 300 entidades, 126 centros de pesquisa de desenvolvimento e inovação do segmento e 60 concessionárias, com investimentos que superam R$ 1 bilhão, conforme a estimativa do estudo.
“As empresas só vão fazer determinados investimentos a partir de uma regulação que lhes ofereça mais segurança. Não adianta lançar uma política de desenvolvimento sem saber como estão seus requisitos, quando a regulação vai sair, quais são os prazos. Se isso não ocorrer, as empresas não estarão motivadas a investirem”, afirmou a presidente substituta da ABDI, Maria Luisa Campos.
Algumas das soluções apontadas para o problema foram a revisão e alteração do modelo regulatório da Aneel. Isto permitiriria que as empresas concessionárias de energia possam ter seus investimentos em ativos reconhecidos. Outra medida seria criar uma política de impostos diferenciada para a implantação de REIs no Brasil.
“Para ter algo moderno tem que se quebrar as barreiras atuais, e pra isso, as regras tem que mudar. O desafio é o governo e as distribuidoras chegarem a um consenso para fazer uma política pública que consiga destravar o desenvolvimento, não só industrial, mas regulatório. E esse evento é importante para criar um diálogo entre eles”, opinou o gerente do projeto Smart Grids da empresa AES Eletropaulo, Paulo Pimentel.
OUTROS PROBLEMAS
A carência de profissionais especializados em ramos da cadeia fornecedora de REI; demora na geração de certificações para lançar os novos produtos; uma legislação trabalhista ineficiente; e falta de investimento na segurança cibernética por parte do governo também foram outros entraves apontados no estudo.
O documento apresentado pela ABDI tem duas mil páginas, e divulga as principais conclusões do mapeamento de Fornecedores Nacionais de TIC para REI. Ele será disponibilizado somente após as conclusões do evento, que reúne representantes das empresas fornecedoras de Tecnologia da Informação e Comunicação para Redes Elétricas Inteligentes de todo o País.
Fonte: Agência Gestão CT&I