Mistério: 99% dos plásticos jogados nos oceanos desapareceu
Levando em conta o nosso uso de produtos comerciais e a quantidade de resíduos descartados em nossos oceanos, milhões de toneladas de plástico deveriam estar flutuando em nossos mares.
Porém, um estudo recente transforma essa questão em um grande mistério; 99% do plástico está desaparecido, levando os cientistas e pesquisadores a pensarem no pior: animais estão comendo esses resíduos.
De acordo com Carlos Duarte, oceanógrafo da Universidade da Austrália Ocidental, a possibilidade é grande. “Há grande possibilidade desse plástico estar sendo parte da alimentação do reino animal nos oceanos. E nós fazemos parte desta cadeia alimentar”, diz o pesquisador.
Os seres humanos produzem quase 300 milhões de toneladas de plástico por ano. A maior parte deste montante termina em aterros sanitários ou aterros de resíduos, mas um estudo realizado pela Academia Nacional de Ciências, na década de 70, estima que 0,1% de todo plástico presente nos oceanos foram carregados por rios, alagamentos, tempestades ou interferência de embarcações. Alguns desses materiais ficam presos no gelo Ártico e muitos deles acabam levados para costas praianas, podendo inclusive se solidificarem como formações rochosas compostas de plástico. Mas a grande maioria deveria estar boiando pelo oceano, presos em correntezas no centro dos oceanos e redemoinhos, como a Grande Mancha de Lixo do Pacífico.
Em 2010 e 2011, com o intuito de descobrir a quantidade de lixo flutuante nessas manchas, quatro navios da expedição Malaspina foram designados para estudar os oceanos, realizando a retirada de plástico em todos os cinco grandes pontos de concentração. Depois de meses, os cientistas esperavam calcular milhões de toneladas encontradas. Para a surpresa de todos, foram calculadas apenas 40 mil toneladas de plásticos presentes nas manchas, o que, de acordo com matéria publicada na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências, “não representa 99% do plástico que nós temos nos oceanos”. Foi o que concluiu Duarte, líder da equipe.
Sua suspeita é de que a maioria do plástico restante serviu de alimento para animais marinhos. Quando o plástico está flutuando no oceano aberto, as ondas e a radiação do sol podem reduzir os resíduos em partículas cada vez menores, até ficarem tão pequenas a ponto de parecer comida de peixe.
Para o oceanógrafo Peter Davison, do Instituto Avançado de Farallon Ecosystem Research em Petaluma, na Califórnia, que não esteve envolvido no estudo, foi exatamente isso que aconteceu e o fato é indiscutível. Portanto, afirma que é difícil saber as consequências biológicas do ocorrido.
Poluentes tóxicos do oceano, como o DDT, PCBs, ou mercúrio, se agarram à superfície do plástico, fazendo com que eles “suguem todos os poluentes na água e o concentre”. Quando os animais comem o plástico, o veneno poderia estar indo para o peixe e transitar na cadeia alimentar. Ou seja, podemos até mesmo estar consumindo essas substâncias, indiretamente.
Davison também apresenta outras teorias possíveis do destino dos resíduos, como a degradação completa pela redução das partículas ou incorporação total ao meio de forma que se penetre no fundo do mar. Porém, o número de plástico “desaparecido” é grande demais para levantar qualquer hipótese, a não ser, a de mistério. Os pesquisadores continuam buscando informações sobre essa intrigante questão.
Fonte: R7