Amazonenses buscam qualificação em intercâmbio no exterior
CIÊNCIAemPAUTA, por Vanessa Brito.
Os intercâmbios profissionais e acadêmicos atraem cada vez mais alunos de instituições de ensino e pesquisa do Amazonas a conquistarem novas oportunidades no mercado de trabalho e aprendizado na vida acadêmica. O número de estudantes contemplados com bolsas de estudos parciais ou integrais para diversos países já alcançou mais de 30 e o resultado será uma qualificação melhor de recursos humanos para o estado.
A Universidade do Estado do Amazonas (UEA) é uma das instituições que participam do programa do Governo Federal de incentivo à internacionalização da Ciência, o Ciência Sem Fronteiras (CsF), e já enviou alunos para os Estados Unidos, Reino Unido, França, Itália, Coréia do Sul, Holanda, Bélgica e outros. Desses países, a maior parte de bolsistas está nos EUA (16), Portugal (13) e Alemanha (8). Em seguida, os principais destinos são Espanha, França, Canadá, Reino Unido, Itália, Nova Zelândia, Peru e Irlanda.
“Temos aproveitado várias oportunidades de agências de fomento, convênios bilaterais com universidades estrangeiras, entre outros para enviarmos estudantes ao exterior. Essa internacionalização passa pelo corpo docente e discente. A projeção é aumentar muito o número de envio de estudantes”, disse o Assessor de Relações Institucionais da UEA, Ernesto Roessing.
Segundo Roessing, a ida de estudantes para o exterior e a experiência de adquirirem conhecimento em outros países gera impacto entre os colegas na sala de aula e entre os professores. No exterior, os alunos têm acesso a novas ideias que podem ser reaplicadas na graduação e, posteriormente, podem inovar no mercado de trabalho da região com novos processos, aumentando a produtividade e qualificação em diversas áreas.
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O assessor também destacou que, além do enriquecimento cultural e intelectual, o intercâmbio estudantil promove o impacto no próprio convívio familiar dos alunos após o retorno. “Eles acabam servindo de exemplo para irmãos ou primos mais novos. Exceto o pessoal que vai para Portugal, eles voltam falando outro idioma. Existem alunos que estão indo que nunca saíram de Manaus” lembrou.
SELEÇÃO PARA O INTERCÂMBIO
Os selecionados no Programa Ciência Sem Fronteiras passam por uma seleção que inclui análise de currículo na plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Além disso, ele precisa ter um coeficiente de no mínimo 7 e estar entre 20 e 90% do curso e não estar no último período. A lista de homologações vai para o CNPq ou para a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
“O aluno entra em uma seleção nacional. Atualmente, eles contam a nota do Enem que para os acadêmicos da UEA não é vantagem porque não temos Enem em todas as cidades do Amazonas; iniciação científica; histórico do aluno e também a quantidade de vagas no exterior”, destacou Roessing.
Roessing disse que a maioria dos bolsistas tem um bom registro acadêmico. No caso da bolsa parcial, os alunos podem não ter o maior rendimento, mas precisam ter no mínimo 7 de coeficiente acadêmico. “É uma regra que nós impusemos para alunos que têm uma disposição de conhecer o novo”, afirmou.
“Há alguns alunos que se inscrevem, com toda a bolsa pronta e dizem: – não, não vou mais. Não sei se é por medo, mas nós perdemos as vagas. Mesmo assim, são poucos os alunos que fazem isso. No caso do CsF, aconteceu com dois alunos novos que desistiram com tudo organizado”, disse.
AMAZONENSES NO EXTERIOR
Medo não foi o que impediu a estudante Christina da Silva Freitas a estudar em uma universidade na Espanha. Antes da viagem, a estudante cursava o 6º período do curso de Licenciatura em Matemática na UEA. Atualmente, ela está no intercâmbio de um ano de duração na Universidade de Granada, na Espanha, pelo Programa Ciência Sem Fronteiras.
Ela conta que a principal motivação para enfrentar o desafio de estudar no exterior foi a busca pelo “diferente”. “O motivo que me levou a fazer o intercâmbio foi justamente o de adquirir vários conhecimentos, seja o cultural, a língua espanhola e até mesmo conhecer uma ‘matemática diferente’ da que eu vejo na UEA”, lembrou.
Entre as dificuldades de adaptação, ela destacou o fato de estar em um país diferente e sentir saudade da família. “O maior desafio não é aprender uma língua diferente do português ou estudar Matemática, nem mesmo conhecendo o Espanhol. O maior desafio é ter que passar 10 meses longe da família e amigos. Eu nunca viajei dentro do Brasil.”, afirmou.
A estudante também conta que a adaptação ao novo fuso horário e à alimentação está entre suas principais dificuldades. “Também tem a questão do espanhol. Nunca fiz um curso de línguas além de LIBRAS e o de inglês. Aprendi as palavras que conheço, ouvindo músicas. Mas como dito anteriormente, no intercâmbio está sendo oferecido curso de espanhol”, lembrou.
Outro exemplo vem do acadêmico de Engenharia da UEA, João Guilherme, que também mudou com a ida para uma universidade de Portugal. Segundo ele, a motivação para fazer o intercâmbio foi adquirir a experiência de viajar fora do Brasil e também acrescentar uma nova visão acadêmica ao curso.
Assim como Christina, é a primeira vez que Guilherme buscou a experiência de morar fora do País. “Como é a primeira vez que viajo ao exterior, decidi por um local onde eu falasse um idioma semelhante, para não ter grandes dificuldades de adaptação. Mas certamente agora já me sinto mais preparado para encarar um idioma diferente”, disse.
Após enfrentar algumas dificuldades iniciais como adquirir o visto de entrada no País, encontrar um lugar para morar e o primeiro contato com os colegas, o estudante já sente a expectativa de poder compartilhar esse experiência com colegas em Manaus e poder contribuir com novos trabalhos e projetos, agregando conhecimento à sua formação.