Municípios do AM sofrem mais com cheia do Madeira
os municípios de Manicoré, Nova Olinda do Norte, Borba, Novo Aripuanã e Autazes, no Amazonas, e Porto Velho (RO) foram os que mais registraram situações de emergência durante as enchentes e/ou inundações graduais do Rio Madeira. As informações são da Defesa Civil Nacional e compreendem os anos de 2006, 2008 e 2009. O dados também foram registrados nos boletins climatológicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O ano de 2009 apontou os maiores números já atingidos: Manicoré – 2.343; Nova Olinda do Norte: 5.249; Borba – 9.345; Novo Aripuanã – 2.243; Autazes – 14.161.
As informações fazem parte do artigo ‘Análise multitemporal da variabilidade de cotas fluviométricas do Rio Madeira – uma avaliação de danos sob extremas condições hidrológicas’, escrito pela mestranda da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Luciana da Silva Muniz.
Muniz foi contemplada pelo Edital 001/2013 do Programa de Apoio à Participação em Eventos Científicos e Tecnológicos (Pape), da Fapeam. Com o incentivo, a pesquisadora vai apresentar o trabalho no Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto (SBSR), que ocorrerá de 13 a 18 de abril, em Foz do Iguaçu (PR).
O levantamento teve como coautores os pesquisadores da Ufam Naziano Filizola Pantoja e Cristiano de Souza Alves e apresentou os primeiros resultados de uma análise sobre a variabilidade dos níveis de água da bacia do Rio Madeira, que foi escolhido por ser o principal afluente do Rio Amazonas.
O estudo fez uma comparação entre os padrões de variabilidade hidrológica, de montante a jusantes, em condições extremas (estiagens e inundações) e os efeitos sobre as populações ribeirinhas.
O trabalho concentrou-se nos últimos dez anos e utilizou como fonte os dados das estações hidrológicas da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Observatório Ambiental de Geoquímica de Hidrologia e Geodinâmica da Bacia Amazônica – Ore/Hybam. Os resultados foram comparados com relatórios de avaliação dos danos e portarias disponíveis na base de dados da Defesa Civil Nacional.
Conforme Muniz, apesar de os anos de 2006, 2008 e 2009 terem registrados mais casos de desastres de enchentes e inundações, não são os anos de maiores cheias das séries de 30 anos.
Com os resultados, notou-se que os eventos de estiagens afetam mais os municípios do Amazonas do que os de Rondônia. “Existe a possibilidade de lacunas quanto ao atendimento da Defesa Civil, assim como o de acesso aos documentos por meio digital”, explicou Muniz.
O período de picos na estiagem é menor que das cheias, fato atenuante em casos de desastres, de acordo com Muniz. O fato pode explicar o menor número de municípios atingidos pelas fortes estiagens: Manicoré, Nova Olinda do Norte, Borba, Novo Aripuanã e Autazes, no Amazonas.
PIOR ESTIAGEM
Segundo Relatório de Avaliação de Danos da Defesa Civil, a seca de 2005 foi considerada de grande porte, pois isolou os municípios de Autazes, Novo Aripuanã, Borba, Nova Olinda do Norte e Manicoré (AM), totalizando 7.376 atingidos. A pesquisa colocou em evidência os anos de 2009 (cheia) e 2005 (seca). A busca por um denominador comum entre as estações de análise, constatou que os eventos críticos de cheia e estiagem não se comportam da mesma forma ao longo da calha do Rio Madeira.
“Existe um efeito retardatário dos picos de cheia e vazante de montante a jusante. As cidades mais atingidas pelos eventos extremos de cheias e estiagens são Porto Velho (RO), Manicoré e Borba. O município vizinho de Humaitá não possui, entretanto, nenhum registro de tais eventos. A primeira hipótese levantada é que existiria falha no sistema de cobertura dos municípios pela Defesa Civil. A segunda seriam as condições hidrológicas nesses locais”, ressaltou.
JUSANTE E MONTANTE
Jusante e montante são lugares referenciais de um rio pela visão de um observador. A jusante é o lado para onde se dirige a corrente de água e montante é a parte onde nasce o rio. Por isso, se diz que a foz de um rio é o ponto mais a jusante deste rio, e a nascente é o seu ponto mais a montante.
PAPE
Esse programa consiste em apoiar, com passagens aéreas, pesquisadores e estudantes de graduação ou pós-graduação, para apresentarem trabalhos em eventos científicos e tecnológicos nacionais e internacionais.
Fonte: Agência Fapeam, por Luís Mansuêto.