No Amazonas, estudo traça perfil epidemiológico de câncer de pele
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de pele é o mais frequente no Brasil, correspondendo a 25% de todos os tumores malignos registrados no País. No Amazonas, a doença é tema de estudo de estudantes de iniciação científica de várias instituições de ensino e pesquisa.
Os novos pesquisadores contam com o apoio do Governo do Estado, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa de Apoio a Iniciação Científica (Paic).
Um dos estudos em andamento é o projeto ‘Perfil Epidemiológico de Cânceres de Pele não Melanoma e Melanoma no Período de 2004 a 2010, na Fundação Centro de Controle em Oncologia do Amazonas (FCecon/AM)’. A estudante do curso de medicina da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Lívia Sampaio Pereira, é a responsável pela pesquisa que contou com a orientação do professor doutor Fábio Francesconi do Valle.
De acordo com a estudante, o estudo propõe-se a fazer um panorama do câncer de pele em um hospital de referência do Amazonas. “E, assim, detalhar um planejamento estratégico para o cuidado da mais frequente causa de câncer humano”, disse Pereira.
Pereira disse que se motivou a estudar o assunto devido à falta de levantamento sobre a epidemiologia da doença no Amazonas. Segundo a estudante, com a finalização dos estudos, será possível conhecer melhor a patologia e obter dados para estruturação e planejamento do Serviço de Oncologia Cutânea na FCecon.
“Como ainda não temos estudos que abordem o perfil epidemiológico do câncer de pele na nossa região, é importante que possamos conhecer nosso perfil de acometimento da doença: se é diferente ou se tem alguma peculiaridade em relação aos estudos com a população do Sudeste e Sul do Brasil. Afinal, temos maior incidência de raios ultravioleta em nossa região, o que aumenta o risco para desenvolvimento do câncer de pele. Conhecendo esse perfil, poderemos estabelecer prioridades e, de forma mais direcionada, trabalhar na prevenção e controle desse câncer”, pontuou a pesquisadora.
Com o estudo, a pesquisadora espera quantificar o número de casos, calcular sua incidência e caracterizar o perfil epidemiológico dos tipos de câncer analisados. Além disso, a pesquisa vai mapear a localização do câncer (cabeça e pescoço, tronco, membros), o sexo, cor da pele, idade, profissão e município, estado de residência da pessoa acometida. A estudante também pretende detectar locais de metástase do câncer de pele não melanoma e melanoma e determinar quais especialidades médicas foram responsáveis pelo diagnóstico dessas neoplasias. “Esperamos que ao final da coleta tenhamos analisado aproximadamente 1000 casos, pois o número mostra-se crescente com o passar dos anos”, ressaltou.
O projeto está em fase de coleta e, de acordo com a pesquisadora, pretende-se dar continuidade com um banco de dados que seja continuamente alimentado.
TIPOS DE CÂNCER DE PELE
Entre os tipos mais conhecidos estão o Melanoma e o não Melanoma. O Melanoma é um tipo de câncer de pele que tem predominância em adultos e brancos, representando apenas 4% das neoplasias malignas do órgão. É considerado o mais grave por apresentar a possibilidade de metástase. Já o não Melanoma é o de maior incidência e de baixa mortalidade.
APOIO DA FAPEAM
Pereira ressaltou o apoio da Fapeam na formação acadêmica, especialmente de estudantes de iniciação científica. “O incentivo recebido nos ajuda a focar na conclusão do projeto, mesmo durante o curso de graduação com muitas exigências, como é o caso da faculdade de Medicina. Estruturalmente, precisamos progredir muito, principalmente se quisermos realizar projetos de pesquisa mais complexos, que necessitem de insumos, equipamentos, etc. Concordo, porém, que sem disciplina, organização, conhecimento teórico e conhecimento de onde nos encontramos em relação aos temas que pretendemos estudar, não seremos capazes de realizar projetos de maior complexidade. Desta forma, a Fapeam estimula os novos profissionais a descobrirem o que é pesquisa e sua vocação para realizá-la. Paralelamente, proporciona que conheçamos a necessidade de construção de mecanismos para melhorarmos a qualidade da pesquisa no Amazonas”, concluiu a pesquisadora.
SOBRE O PAIC
O Programa de Apoio à Iniciação Científica do Amazonas, desenvolvido pela Fapeam em parceria com instituições de ensino e pesquisa no Amazonas apoia, com recursos financeiros e bolsas institucionais, estudantes de graduação interessados no desenvolvimento de pesquisa em instituições públicas e privadas do Amazonas.
Fonte: Agência Fapeam, por Rosa Doval.