ATLAS DOS CIENTISTAS
Fundou o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas
O físico José Leite Lopes previu, em 1958, a existência de uma partícula mediadora neutra nas interações fracas no núcleo do átomo, ajudando a estabelecer as bases da chamada unificação eletrofraca. Esse conceito permite compreender melhor as interações ocorridas entre as partículas que compõem o átomo e tem aplicação, por exemplo, na área de energia nuclear. Seu esforço também contribuiu para as pesquisas de três cientistas estrangeiros premiados com o Nobel, em 1979, por um trabalho muito similar ao seu.
José Leite Lopes nasceu em Recife, Pernambuco, no dia 28 de outubro de 1918. Concluiu seus estudos secundários no Colégio Marista, em sua cidade natal, em 1934. Bacharelou-se em Química Industrial na Escola de Engenharia de Pernambuco, em 1939. Influenciado por seu grande mestre Luiz Freire, deu início aos seus estudos de Física no Rio de Janeiro. Em 1940, ingressou no Curso de Física da Faculdade Nacional de Filosofia, Rio de Janeiro, concluindo-o em 1942 e trabalhando nesse mesmo ano, a convite do Professor Carlos Chagas, no Instituto de Biofísica. Logo após, conseguiu uma bolsa do Governo dos Estados Unidos e fez seu doutorado na Universidade de Princeton, onde fez sua tese sob a orientação de Wolfgang Pauli (Prêmio Nobel de Física), durante os anos de 1944 e 1945.
Aos 27 anos, foi nomeado Professor de Física Teórica e Superior da Faculdade Nacional de Filosofia do Rio de Janeiro e tomou posse na cátedra em 1946. Em 1948, fez concurso para cátedra de Física Teórica e Física Superior da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil e recebeu o grau de Doutor em Ciências pela mesma Universidade. Em janeiro de 1949, juntamente com Cesar Lattes, e com o apoio do Ministro João Alberto Lins de Barros, de Nelson Lins de Barros e de Henry British Lins de Barros, fundou o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). No mesmo ano ganhou uma bolsa da Fundação Guggenheim e, a convite de Oppenheimer, tornou-se membro do Instituto de Altos Estudos de Princeton.
Foi Diretor da Divisão de Ciências Físicas do Conselho Nacional de Pesquisas, a convite de Richard Feynman, foi Pesquisador Visitante no California Institute of Technology. Ocupou vários cargos de chefia e de administração científica no CBPF, no CNPq e na Universidade do Brasil.
Em 1960, organizou a 2ª Escola Latino-Americana de Física no Rio de Janeiro e sugeriu ao Conselho Técnico-Científico do CBPF que propusesse ao Ministério das Relações Exteriores e à Unesco a criação de um Centro Latino-Americano de Física. Entre 1962 e 1964, foi organizador e coordenador do Instituto de Física da nova Universidade de Brasília. Até 1964 foi membro do Conselho de Curadores do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), onde apresentou conferências sobre energia atômica. Nesse ano, aceitou convite para ser Professor Visitante da Faculdade de Ciências de Orsay, Universidade de Paris, na qual permaneceu até março de 1967.
Em 1969, foi aposentado compulsoriamente da Universidade Federal do Rio de Janeiro por decreto governamental baseado no AI-5; e ainda demitido do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas por portaria do Presidente desta Instituição. Entre 1970 e 1974, foi professor visitante da Universidade de Strasbourg I, Université Louis Pasteur e, no ano em que chegou, fundou, com Michel Paty e outros colegas, os seminários sobre os Fundamentos da Ciência, que, mais tarde, deram origem à revista Fundamenta Scientiae. Em 1974, foi nomeado, excepcionalmente, Professor Titular da Universidade Strasbourg I, pelo Presidente da República Francesa Giscard D’Estaing. Também foi Vice-Diretor do Centro de Pesquisas Nucleares de Strasbourg (Centre de Recherche Nucléaires, CNRS) e Diretor de sua Divisão de Altas Energias.
Voltou ao Brasil, em 1981, para o Centro que havia fundado, mas não em definitivo. Somente em 1986, após ser convidado pelo então Ministro da Ciência e Tecnologia, Renato Archer, para dirigir o CBPF.
Fonte: Site SNCT 2009