O lixo desperdiçado pode ser um tesouro, diz pesquisador

Agência CT&I Amazonas, por Rosilene Correa

É possível ofertar cerca de 30% da eletricidade consumida no País com o aproveitamento energético do lixo (Fernando Galembeck). Foto: Agência CT&I Amazonas/Rosilene Correa

Recife (PE) – O reaproveitamento e a reciclagem de materiais descartados diariamente são ações que estão ganhando adeptos na indústria e nos lares, mas o que é feito ainda é pouco expressivo diante da montanha de excessos que é destinada aos lixões, aterros sanitários e incineradores existentes no mundo.  Isso se reflete na economia e na geração de energia de um país. Foi o que afirmou o pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Fernando Galembeck, durante a conferência ‘Lixo ou Tesouro’, no Centro de Artes e Comunicação (CAC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na quarta-feira (24), como parte da programação da 65ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Galembeck convidou os participantes a uma reflexão sobre a falta de percepção sobre o aproveitamento energético do lixo. “É possível ofertar cerca de 30% da eletricidade consumida no País com o aproveitamento energético do lixo. Lembrando que, nesse momento, o Brasil está fazendo um esforço enorme para construir usinas na Amazônia, com um custo ambiental que não é desprezível. Esta é uma possibilidade de reduzir a eletricidade que é consumida no País, mas a expectativa do custo de manutenção e operação faz com que esse aproveitamento, do ponto de vista econômico, seja visto como limites”, declarou.

Segundo o pesquisador, tecnologias para transformação de lixo em algo útil existem, porém exigem investimentos. Outro ponto destacado por Galembeck foi a necessidade de reduzir a produção de lixo no Brasil. “Hoje consumimos muito e gostamos da ideia de poder jogar as coisas fora. Esquecemos do princípio de que nada se perde e que tudo se transforma. Isso tudo que hoje chamamos de lixo pode ser chamado de matéria-prima e ser bem cuidado, agregando valor. É o caso do PET, usado na fabricação de garrafas para refrigerantes e outras embalagens”.

LATAS DE ALUMÍNIO E MINERAÇÃO URBANA

Fernando Galembeck, pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Foto: Agência CT&I Amazonas/Rosilene Correa

Outro benefício econômico da reciclagem apontado pelo pesquisador foi o reaproveitamento das latinhas de alumínio e a chamada mineração urbana. Segundo ele, toda a indústria de produção de cervejas e de refrigerantes embalados em latas de alumínio seria completamente inviável se a maior parte desse material não fosse reciclado no Brasil. “Aproximadamente 75% desse material é reciclado, se isso não acontecesse essa produção industrial ficaria comprometida”, afirmou.

Galembeck sugere que é muito difícil ter um produto novo sem fazer uma análise de vida do mesmo: de onde ele sai e para onde vão seus restos. “A mineração urbana é um bom exemplo disso. Hoje se descarta em celulares e outros equipamentos eletrônicos mais metais preciosos do que tudo o que é extraído das minas. Estamos jogando fora ouro que foi extraído durante muito tempo”, disse.

 

REAPROVEITAMENTO DE BIOMASSA

A indústria química no Brasil é outra fonte muito poderosa de acordo com o pesquisador. “Ocupamos a sexta posição na indústria química mundial, temos uma indústria com características inovadoras e inovação é uma palavra que tem tido muita atenção ultimamente, pois muita gente acredita que o Brasil não é inovador. O Brasil tem resultados importantes de inovação em muitas áreas. A Tecnologia bancaria e a eleitoral é um exemplo, isso é nacional”, disse.

Outra inovação vem do canavial uma fonte de alimento, energia e outras matérias-primas. O reaproveitamento de biomassa originada por essa produção é um processo que cresce a cada ano. “Temos boas alternativas, mas precisamos investir para que continuem avançando”, concluiu.

Agência CT&I Amazonas, por Rosilene Corrêa