Palestra “Desafios da Pauta de CT&I na Mídia” abre Encontro de Jornalismo
Entre as ações da 11ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), destaca-se o I Encontro de Jornalismo de Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas (CT&I), promovido pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas (SECTI-AM).
A palestra de abertura intitulada “Desafios da Pauta de CT&I na Mídia” foi proferida pelo físico e diretor do Museu da Amazônia (Musa), professor Ennio Candotti.
Segundo ele, o desafio dos profissionais que divulgam CT&I atualmente é o de envolver os cientistas a escrever. “Uma das provocações ao campo da divulgação científica é conseguir com que os pesquisadores colaborarem produzindo textos mais compreensíveis para quem não é de sua área”.
Para o diretor do Musa é imprescindível que as agências de fomento exijam a popularização da ciência como requisito de prestação de contas. “Depois de 20 anos, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) despertou para a importância da disseminação das pesquisas para a sociedade, como uma interação do produtor com o consumidor”, disse.
O jornalismo especializado em CT&I ainda é um desafio para muitos profissionais, pois as pautas ainda são vistas como inquestionáveis, onde o pesquisador é o único possuidor do conhecimento. De acordo com Candotti, só quando o comunicador se der conta de que nada na ciência é totalmente verdadeiro é que esse temor de questionar diminuirá. “Os jornalistas devem fazer perguntas inconvenientes, para se obter respostas simples, mas que afligem a todos nós”, afirmou.
POPULARIZANDO CT&I
Uma das técnicas do telejornalismo é a captação de imagens para as pautas, o jargão “rende imagem?” é muito comum nos programas televisivos. Para o professor Ennio, a imagem é um instrumento a ser explorado pelos veículos de comunicação para popularizar a ciência.
Democratizar assuntos como micro-organismos, vistos apenas através de microscópio, pode ser difícil para um cientista, mas as imagens ajudam a enriquecer o assunto e facilitam o entendimento da população. “O impresso publica uma matéria sobre vírus, e coloca uma imagem ampliada, isso com certeza, ajuda o leitor na compreensão da temática”, falou.
Para Ennio Candotti, a escola é um dos espaços que tem a função primordial de popularizar a ciência, e só assim será possível construir um saber científico no futuro.
“Precisamos criar locais que envolvam as pessoas nesses temas, onde se misture curiosidade e fascínio. Entre os cinco e seis anos, as crianças estão na melhor fase do aprendizado, a época do porque, querem saber de tudo e para onde isso vai depois? Porque elas deixam de perguntar?”, questiona.
Com a informação mais acessível é importante que esses ambientes instiguem essa necessidade frequente de se encontrar respostas e também se incentive pesquisadores a escreverem mais sobre seus trabalhos, mas não para seus pares e sim, para a população. “Toda a produção científica tem um impacto social, político ou econômico que atinge todo um grupo social. Portanto, esse grupo está interessado em seus resultados”, concluiu.
CIÊNCIAemPAUTA, por Fabrício Ângelo